Governador Eduardo Riedel, aliado de Lula, se posiciona contra o PT ao apoiar a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro (Governo do MS/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 8 de abril de 2025 às 15h08.
Última atualização em 8 de abril de 2025 às 15h19.
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), está no centro de uma polêmica ao manifestar apoio à anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Riedel, que foi eleito com o apoio do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, enfrenta agora críticas internas de sua bancada estadual.
No último domingo, Riedel se ausentou de um evento do ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo e compartilhou uma publicação ao lado da senadora Tereza Cristina (PP), defendendo a aprovação da anistia. O governador considera a medida de caráter “humanitário” e, do ponto de vista político, afirma que o Congresso Nacional tem a obrigação de votar a proposta para a pacificação do país.
"Do ponto de vista político, acredito que o Congresso Nacional tem a obrigação de votar a matéria, considerando-a um passo essencial para a pacificação do país", afirmou Riedel. No entanto, a postura gerou desconforto no PT, que, por meio de nota oficial, manifestou total oposição ao posicionamento do governador. A legenda lembrou que Riedel se apresentou como um “democrata” e defensor da soberania popular nas eleições de 2022.
A nota publicada pela Executiva estadual do PT destacou que o apoio ao governador nas eleições de 2022 foi baseado no compromisso com os valores democráticos e contra o extremismo. "A direção do PT cobra coerência do governador, pois, nas eleições de 2022, em respeito aos valores democráticos, à civilidade na política e contra o negacionismo e o extremismo, o PT apoiou Eduardo Riedel no segundo turno das eleições", declarou a sigla.
O apoio de Riedel à anistia também gerou reações mais intensas dentro de sua própria bancada. A deputada Gleice Jane pediu que o PT se retire da base governista, enquanto o deputado Zeca do PT qualificou a postura do governador como uma "vergonha", chamando-o de "porta-voz do retrocesso e da infâmia".
Atualmente, o PT ocupa cargos no governo de Mato Grosso do Sul. Após a aliança de 2022, oito nomes vinculados ao PT passaram a compor subsecretarias. No entanto, a relação entre o partido e o governador está tensa, e ainda não há sinais claros de uma ruptura. Internamente, há discussões sobre o futuro político do partido nas eleições do ano que vem, quando Eduardo Riedel buscará a reeleição.
Apesar das críticas, o PT ainda não tomou uma decisão definitiva sobre o apoio ou não ao governador na próxima eleição. Na disputa estadual, a avaliação dentro do partido é que faltam quadros viáveis para uma candidatura forte. Em Campo Grande, a deputada federal Camila Jara obteve apenas 9,4% dos votos, ficando em quarto lugar nas últimas eleições.