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Governador de SP critica defensores de ocupações

Para governador, esse tipo de moradia é inabitável, com condições subumanas, um verdadeiro barril de pólvora prestes a explodir a qualquer momento

Incêndio e desabamento: tragédia no centro de São Paulo (Leonardo Benassatto/Reuters)

Incêndio e desabamento: tragédia no centro de São Paulo (Leonardo Benassatto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de maio de 2018 às 11h16.

Última atualização em 2 de maio de 2018 às 11h59.

São Paulo - O governador de São Paulo, Márcio França, disse que morar em prédios como o que desabou nesta terça-feira, 1, no centro da capital é "buscar encrenca cada vez maior" e criticou os defensores de tais ocupações, destacando que aqueles que incentivam tal prática estão, na verdade, proporcionando tragédias como essa.

Em entrevista à GloboNews, França disse que o prédio que desabou é um imóvel do governo federal, tem estrutura leve e não comporta ocupação. "Precisaria que o governo federal tirasse as pessoas dessas ocupações, mas eles não fazem isso porque não sabem onde realocar as pessoas. Não há imóveis do Estado ocupados, neste caso, é do governo federal, portanto é o governo federal quem deve pedir a reintegração de posse", argumentou.

Ao falar de quem defende esse tipo de ocupação irregular, o governador de São Paulo reiterou que eles acreditam estar garantindo o direito de posse, quando na verdade esse tipo de moradia é inabitável, com condições subumanas, um verdadeiro barril de pólvora prestes a explodir a qualquer momento. "Graças a Deus hoje chegamos a tempo (de salvar as famílias), mas nem sempre vai acontecer isso." E emendou: "Queremos tirar as pessoas (de ocupações irregulares) por questões de segurança. Pagamos o aluguel social e a pessoa vai morar em outro local. Prefeitura e governo do Estado têm várias políticas, construímos mais de cem mil imóveis nos últimos anos, mas tem fila de moradia."

Os bombeiros chegaram ao local à 1h35 da madrugada. Oficialmente, há apenas um morador desaparecido, um homem que caiu do prédio em chamas durante o desabamento, no momento em que estava sendo resgatado pelos bombeiros. Segundo o governador, o trabalho agora é procurar pessoas que possam estar embaixo dos escombros. França disse que há mais de 150 prédios ocupados indevidamente em São Paulo. "É uma briga judicial para tirar as pessoas, estamos notificando as pessoas, dizendo que é impossível viver nesses locais", disse, argumentando que a tragédia de hoje já "estava anunciada".

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, afirmou que o trabalho de remoção dos escombros vai levar pelo menos uma semana. Ele reiterou que o prédio pertence à União e 150 famílias já estavam cadastradas junto à Secretaria da Habitação, 25% eram estrangeiros. Covas também afirmou que não cabe a Prefeitura retirar as pessoas do local. O pedido de reintegração de posse tem que ser feito pelo dono do prédio, ou seja, o governo federal. Filipe Sabara, da secretaria municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, informou que no prédio que desabou, cerca de 90 famílias ( num total de 248 pessoas) já estão sendo assistidas e levadas para um abrigo. Além do prédio que desabou, dois pegaram fogo. E disse também que "infelizmente as famílias não querem deixar as ocupações".

De acordo com a Prefeitura, 8 prédios do entorno têm ocupações. Segundo o prefeito, em toda a cidade de São Paulo há pelo menos uma centena de prédios invadidos. Ele reforçou que a prefeitura tenta desestimular as ocupações irregulares. Segundo o secretário estadual da Segurança Pública, Mágino Alves, 270 bombeiros, policiais e agentes da Defesa Civil estão trabalhando no local do desabamento.

O edifício tinha 24 andares e 11 mil metros quadrados, no centro de São Paulo, e abrigou durante cerca de 25 anos a Polícia Federal. Segundo o coordenador do Movimento Luta por Moradia Digna (LMD), Ricardo Luciano, o fogo teria começado após uma briga entre moradores do 5º andar. De acordo com ele, de 80 a 150 crianças viviam no local. "O intuito do movimento é que as famílias consigam uma moradia digna", disse Luciano. Segundo ele, havia imigrantes, mas a maioria dos moradores era brasileira. "Se tiver que ocupar outro prédio abandonado sem função social a gente vai ocupar sim para colocar essas famílias", reforçou o coordenador do Movimento Luta por Moradia Digna (LMD), Ricardo Luciano.

 

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