Brasil

Gilmar sobre foro: "Numa democracia, não se elimina o Legislativo"

Ministro argumentou que a restrição não dará celeridade à Justiça e defendeu a prerrogativa do Congresso de legislar sobre o tema

Gilmar Mendes: "Numa democracia, não se elimina o Legislativo, embora no Brasil muitas vezes queiramos fazê-lo" (Evaristo Sá/Getty Images)

Gilmar Mendes: "Numa democracia, não se elimina o Legislativo, embora no Brasil muitas vezes queiramos fazê-lo" (Evaristo Sá/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de maio de 2018 às 18h01.

Rio de Janeiro - Um dia depois do julgamento que resultou na restrição do foro privilegiado a parlamentares, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o debate sobre o tema é uma "falsa questão".

O ministro, que ontem discorreu em críticas ao Judiciário e argumentou que a restrição não dará celeridade à Justiça, defendeu a prerrogativa do Congresso de legislar sobre o tema.

"Numa democracia, não se elimina o Legislativo, embora no Brasil muitas vezes queiramos fazê-lo", disse Gilmar, que participou de um encontro com correspondentes da imprensa estrangeira, no Rio de Janeiro.

Gilmar também desenhou cenários sobre a remissão de processos para a primeira instância. "Pensem num político importante de um Estado do Nordeste ou do norte, e sendo investigado por uma comarca local", disse.

"Comecem imaginar agora os processos que vão baixar de instância, e vejam como estará em seis ou oito meses." Ainda segundo o ministro, "a Justiça Criminal brasileira não é a 13ª Vara Federal de Curitiba".

O ministro lembrou o voto proferido ontem em favor da restrição do foro também para outros cargos e aproveitou para mencionar o episódio do ex-procurador da República Marcello Miller. "O caso que nos constrange a todos, o Miller, está sendo investigado pela procuradoria", engatou.

Lula e a Ficha Limpa

Gilmar comentou ainda a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar a prisão antes da eleição. "Tenho pra mim que hoje está definido que ele é inelegível, por força da Lei da Ficha Limpa", declarou.

Ele lembrou que a regra, que prevê a inelegibilidade de políticos condenados em órgão colegiado, foi aprovada "quase que por unanimidade e teve apoio de entidades ligadas ao PT".

"Não vejo possibilidade (de Lula se tornar elegível). A hipótese seria a revogação da própria condenação", disse. "E tenho a impressão que o próprio Lula sabe disso."

"É fácil entender a posição do PT: o PT tão tem um plano B", emendou, ao falar sobre as alternativas de candidatura do partido do ex-presidente. "Eles não têm nenhuma outra força que racionalize isso, apesar de ter outros nomes", emendou.

A expectativa é de que, com Lula fora da disputa, nomes como o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner possam ocupar a cabeça de chapa do partido.

Acompanhe tudo sobre:Gilmar MendesSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Lira convoca reunião de líderes para debater composição da mesa diretora da Câmara em 2025

Tarifa de ônibus em SP deve ficar entre R$ 5 e R$ 5,20, informa SPTrans

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial