Gilmar Mendes: o ministro disse que houve constrangimento com a atuação de Marcello Miller (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de setembro de 2017 às 19h18.
Última atualização em 20 de setembro de 2017 às 19h21.
Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta quarta-feira, 20, o acordo de colaboração premiada firmado pelo Ministério Público Federal (MPF) com o grupo J&F.
"Embora líderes de organização eles foram perdoados pela procuradoria com a máxima benevolência", criticou Gilmar Mendes, ao tratar da delação premiada firmada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.
O ministro disse que houve "perplexidade" com o fato de ter se dado "imunidade máxima" aos colaboradores.
Gilmar Mendes também afirmou que houve "constrangimento" com a atuação do então procurador da República Marcello Miller "nos dois lados do balcão".
Miller é acusado de ter atuado para o grupo J&F antes mesmo de se desligar oficialmente da Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Deus é brasileiro, porque diante de tanta inapetência, de tanta complacência com malfeitos, acontece um fenômeno como esse: os bandidos confessam a bandidagem", disse Gilmar Mendes, ao fazer referência ao áudio de Joesley e do executivo Ricardo Saud entregue pelos próprios delatores.
"Infelizmente, pra constrangimento geral, isso não se deu graças à investigação do Ministério Público. Talvez em parte graças à atuação da Polícia Federal, de forma indireta, mas isso se deu graças à iniciativa dos próprios delatores. Esse é o constrangimento geral. Foram os próprios delatores que entregaram a gravação", comentou Gilmar Mendes.