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Gestão Doria estuda instalação de mais radares nas vias de SP

Durante a campanha eleitoral, o prefeito de São Paulo atacou com frequência a chamada "indústria da multa"

Radares: na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), radares pouco visíveis e o aumento do número de infrações foram alvo de críticas (PoppyPixels/Thinkstock)

Radares: na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), radares pouco visíveis e o aumento do número de infrações foram alvo de críticas (PoppyPixels/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de maio de 2017 às 11h50.

São Paulo - Após registrar queda em multas de trânsito e aumento de atropelamentos com morte, a gestão João Doria (PSDB) estuda instalar mais radares em São Paulo.

Para o secretário de Mobilidade e Transportes, Sérgio Avelleda, o combate aos "radares pegadinha", que reduziu em até 66% as infrações flagradas, dá à Prefeitura um "crédito" para ampliar o aparato de fiscalização na cidade, sem ser acusada de promover a "indústria da multa". Segundo ele, o objetivo é melhorar a segurança viária, reduzindo a quantidade de acidentes e mortes.

Na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), radares pouco visíveis e o aumento do número de infrações foram alvo de críticas.

Durante a campanha eleitoral, Doria atacou com frequência a chamada "indústria da multa" e colocou como meta, se eleito, reduzir a quantidade de infrações.

"Logo em janeiro, estabelecemos o seguinte critério: os cinco radares que mais multam na cidade serão sempre tratados para diminuir o número de autuações, sem diminuir o nível de fiscalização", disse Avelleda, em entrevista à reportagem.

A estratégia da Prefeitura foi, primeiramente, usar os relatórios mensais da Companhia de Engenharia de Trânsito (CET) para mapear quais eram esses radares. Depois, adotou medidas para alertar e orientar condutores.

"Se existe um radar que multa muito mais do que outros é porque há algum problema no local", afirmou o especialista Sérgio Ejzenberg, mestre em transporte pela Universidade de São Paulo (USP). "A má sinalização gera a vítima da pegadinha."

Em março, a Prefeitura instalou placas novas e ampliou a distância entre elas na Rodovia dos Imigrantes. Próximo da Rua Guaratu, ficava o radar campeão de multa.

Após a medida, o número de infrações caiu 38,1%. Foram 9.029 registros, ante 14.593 no mesmo período de 2016 - o que fez o radar descer para quarto lugar, apesar de não ter saído do "ranking".

A ação no segundo colocado, na Marginal do Tietê, perto da Rua Amazonas, teve resultado melhor. As multas caíram 65,7%, passando de 31.257 para 10.697 - mas o radar permanece em segundo lugar.

O atual líder fica na Avenida dos Bandeirantes, perto da Avenida Washington Luís, sentido Imigrantes, que teve 15.346 autuações em março.

"Vamos fazer permanentemente, com todos os radares que mais apresentarem autuação", disse Avelleda. Segundo a pasta, 25 radares já foram alvo da medida. "Se o radar continuar em posição elevada, receberá novos tratamentos."

Para Ejzenberg, trata-se de uma "acerto inteligente". "A boa fiscalização, sem campeões de multa, é a maneira correta", disse. "A máxima segurança é ter radar em toda esquina e nenhuma multa." Já o consultor de trânsito Luiz Célio Bottura afirma que a estratégica é uma "decisão política, não técnica".

M'Boi

Na avaliação de Avelleda, o recuo das infrações aplicadas permite que haja mais fiscalização na cidade. "Isso torna legítima a instalação de novos radares, porque me permite dizer 'não estou aumentando a arrecadação'", afirmou. "Nós temos, digamos assim, um 'crédito', entre aspas, para poder implementar um outro tipo de fiscalização e manter o nível de fiscalização, sem indústria da multa", disse o secretário.

Entre os locais estudados está a Estrada do M'Boi Mirim, no extremo da zona sul da capital. "Estamos muito preocupados com a situação da M'Boi Mirim. Nós vamos atuar ali fortemente", disse Avelleda. "Pontos de atropelamentos são onde nós estamos focando." Segundo o secretário, não há prazo para instalar equipamentos novos.

Foi na Estrada do M'Boi Mirim, na altura da Rua José García Lopes Filho, que o padrasto de Marcos Paulo Silva, de 29 anos, foi atropelado. Por volta das 5 horas de 26 de março, ele foi atingido por um veículo ao atravessar uma faixa de pedestres rumo ao trabalho. Fabio Vitorino da Silva, de 47 anos, morreu na hora.

Hoje, seu emprego de porteiro é ocupado pelo enteado, que realiza o mesmo trajeto na madrugada todos os dias. "Só não acontece nada comigo porque tenho um pouco mais de agilidade, ele tinha um problema na perna que não deixava ele correr", diz o jovem.

Uma semana após o incidente, Silva passou pelo mesmo lugar por volta das 9h30 para a missa de sétimo dia do padrasto. A poucos metros de onde ele morreu, um carro havia batido no poste, com seis feridos, deixando a região sem luz durante quase um dia.

No mesmo trecho onde Silva foi atropelado, a diarista Terezinha Nazaré, de 57 anos, foi atingida por uma moto às 10 horas do dia 26 de janeiro. Duas cirurgias depois, ela usa muletas para caminhar.

Dono de um salão de beleza na estrada, Henrique Soller, de 29 anos, diz que acidentes no lo cal são "rotina". "Já aconteceu de a gente cair aqui na porta depois de atropelado. É tanta barbaridade que você nem acredita. Acidente leve então, de batida, tem todo dia."

Soller relata proibir os filhos de circularem pela estrada até com a mãe. "Sozinha, ela até pode tentar fugir, mas com eles é tragédia na certa. O que mais tem é acidente nesta M'Boi Mirim. Não tem a Marginal Segura? Deveria ter a M'Boi Segura."As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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