Ex-ministro Geddel Vieira Lima, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
Valéria Bretas
Publicado em 3 de julho de 2017 às 16h45.
Última atualização em 3 de julho de 2017 às 21h03.
São Paulo - Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer, foi preso preventivamente (sem prazo definido para libertação) nesta segunda-feira (3), em Salvador (BA), pela Polícia Federal.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o ex-ministro é suspeito de tentar obstruir a investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.
A prisão foi baseada nos depoimentos do doleiro Lúcio Funaro, de Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, no âmbito da Operação Cui Bono, deflagrada em janeiro deste ano.
O objetivo de Geddel, segundo o MPF, seria evitar que Funaro e Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, firmassem um acordo de delação premiada com o MPF. Isso seria feito por meio do pagamento de "vantagens indevidas".
Com a prisão do ex-ministro, passam a ser cinco os presos preventivos no âmbito das investigações da Cui Bono. Já foram detidos os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro e André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa que agiu dentro da Caixa.
Veja o que diz o MPF, em nota:
"Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente (entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de Lúcio Funaro. Para provar, tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo. Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome “carainho”, sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF.
Para os investigadores, os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa. Por isso, eles pediram a prisão “como medida cautelar de proteção da ordem pública e da ordem econômica contra novos crimes em série que possam ser executados pelo investigado”.