Garis que estão em greve fizeram ato: de acordo com os manifestantes, cerca de 60% da categoria parou, de um total de 15 mil funcionários (Tomaz Silva / Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2014 às 21h23.
Rio de Janeiro - Após reunião que durou toda a tarde de hoje (5) com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPE-RJ), os cerca de 250 garis que aguardavam na frente do prédio da Companhia de Limpeza Urbana, na Tijuca, decidiram manter a greve deflagrada na sexta-feira (28). O grupo marcou para amanhã às 10h reunião no mesmo local.
Dez garis grevistas se reuniram com representantes da DPE-RJ, que fez a intermediação das negociações com a prefeitura. De acordo com Ivair Oliveira, um dos garis que participaram da reunião, 1.100 trabalhadores receberam aviso de demissão e o processo de desligamento vai continuar se a greve não for interrompida.
“Nós brigamos lá dentro por todos os que receberam o comunicado de demissão, sem exceção. Vai sair um documento oficial regulamentando isso: os que receberam o comunicado de demissão não vão ser demitidos. Essa foi a nossa prioridade, porque eu, particularmente, não iria ficar satisfeito, ainda que a gente continuasse e tudo, se 1.100 famílias ficassem sem levar o seu pão para casa”, disse Oliveira.
Ele lembrou que o sindicato já assinou acordo coletivo da categoria e que, portanto, não há mais possibilidade de “lutar por aumento salarial no momento”.
“Não há o amparo jurídico, nós conversamos com o defensor público, o defensor público viu, a gente viu, os advogados nossos estavam lá, não há amparo jurídico para a gente fazer essa negociação sem o sindicato, só que o sindicato já fez a besteira. Agora a gente vai decidir a categoria. Gari é que tem que decidir a situação de gari”.
O gari Samuel Teles, que estava na manifestação, acusou a Comlurb de perseguição aos grevistas. “Segundo a empresa, já estamos demitidos. Não só eu, como vários garis que estão sendo mandados embora sem nenhum tipo de justificativa, via texto, um texto até mal elaborado”. Ele mostrou a mensagem de texto recebida por vários trabalhadores, que diz: “Comlurb informa: compareça a [sic] sua gerência para tratar do seu desligamento”.
De acordo com os manifestantes, cerca de 60% da categoria parou, de um total de 15 mil funcionários. O policiamento no local estava reforçado pela Tropa de Choque da Polícia Militar, mas não houve confronto. Durante a tarde, garis e policiais pararam para acompanhar a apuração do desfile das escolas de samba do Grupo Especial pela televisão da padaria em frente a Comlurb.
Segundo a prefeitura, o acordo coletivo foi assinado na segunda-feira (3) com o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro.
O acordo garantiu aumento de 9% para o piso salarial, o que eleva a remuneração para R$ 1.224 incluindo os 40% de adicional de insalubridade.
O acordo também prevê 1,68% de aumento dentro do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal, hora extra de 100% para trabalho aos domingos e feriados, além da folga, plano odontológico, auxílio-creche para ambos os sexos, aumento do seguro de vida para R$ 10 mil, reajuste do vale-alimentação de R$ 12 para R$ 16 por dia, e participação no acordo de resultados.
O prefeito Eduardo Paes vai receber agora à noite o defensor público Nilson Bruno Filho, que se reuniu com os garis.