Geddel: a mulher de Funaro disse que o peemedebista passou a fazer ligações "insistentemente" (Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de outubro de 2017 às 21h41.
São Paulo - Em delação premiada, o doleiro Lúcio Funaro detalhou o monitoramento do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) sobre sua esposa Raquel Pita, após sua prisão, em julho de 2016.
Segundo o delator, o peemedebista "foi o primeiro a ligar" para sua mulher quando sua irmã, Roberta Funaro, foi solta após período de encarceramento no âmbito da Operação Patmos. Ele teria dito que "graças a Deus" Roberta foi solta com o objetivo de tentar arrefecer os ânimos do doleiro para uma delação.
Funaro está preso na Papuda, em Brasília, desde 1.º de julho de 2016, quando foi alvo da Operação Sépsis. No dia 5 de setembro último, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou a delação premiada do corretor.
Ele narra que o ex-ministro monitorava sua situação desde que foi encarcerado por meio de ligações a sua mulher, Raquel Pita. Ele entregou registros de ligações de Geddel, cadastrado como "Carainho" na agenda de contatos.
A mulher de Funaro disse que o peemedebista passou a fazer ligações "insistentemente" após a prisão do marido, querendo saber do "estado de ânimo" dele, e que esses contatos feitos em horários noturnos "passaram a incomodar".
Roberta disse que chegou a ligar ao marido para dizer que não iria atender mais a Geddel, mas foi desaconselhada porque, segundo Funaro, o peemedebista "poderia estranhar e pensar que Lucio poderia estar delatando".
Em audiência de custódia de sua primeira prisão, em julho, Geddel admitiu ter feito mais de dez ligações a Raquel, segundo ele, somente para perguntas triviais: "como vai você?", porque é o mínimo. "Sua família está bem?" "Não se tratou de marido dela, de esposo dela, nada disso".
Um dos supostos assuntos destas ligações teria sido a prisão da irmã do doleiro, Roberta Funaro, flagrada recebendo R$ 400 mil em uma mala do delator da JBS Ricardo Saud em ação controlada pela Polícia Federal. Ela foi solta no dia 2 de junho.
"Quando a Roberta foi solta, ele foi o primeiro a ligar e falar: Graças a Deus, foi solta! Como se com isso ele conseguisse: 'Ó, fala para ele não se apavorar'. Ele não falou isso, mas é o que eu penso que ele quis transmitir pelo que conheço dele".
Funaro ainda disse que aconselhou sua mulher a não deixar de atender as ligações de Geddel por receio de que, em sua posição de ministro, promovesse uma retaliação do governo, e pela segurança de sua família. Ele diz ainda que, à época das ligações, ele não estava delatando ainda.
"Em algumas dessas ligações ele dizia que estava tentando ajudar. Se estava precisando de alguma coisa. Em algumas dessas ligações ele afirmava que estava se esforçando ao máximo para tentar ajudar a que eu fosse solto o mais breve possível".