Eduardo Cunha: pagamentos incluiriam dez carros de luxo, entre eles uma BMW, e um apartamento em São Paulo (Pedro Ladeira/Folha de S.Paulo)
Agência Brasil
Publicado em 31 de outubro de 2017 às 14h12.
O corretor de valores Lúcio Funaro afirmou hoje (31) ter pago despesas milionárias para Eduardo Cunha e desafiou o deputado cassado a passar, junto com ele, por um teste em um aparelho detector de mentiras, como uma maneira de comprovar que diz a verdade perante a Justiça.
Funaro, que foi interrogado em Brasília na ação penal da Operação Sépsis, ficou irritado com as perguntas tidas como repetitivas do advogado de Cunha Délio Lins e Silva Júnior e, antes de encerrar seu depoimento, disse que estava disposto a se submeter a um polígrafo, equipamento de detecção de mentiras, para repetir as acusações que fez contra o ex-deputado.
"Estou à disposição para fazer um teste de polígrafo junto com o deputado Eduardo Cunha para acabar com esse negócio de que sou mentiroso", afirmou Funaro com a voz elevada. Sentado de frente para seu ex-operador financeiro, Cunha se manteve calado e não esboçou reação.
Nesta terça-feira, Funaro disse ter pago centenas de despesas em nome do ex-deputado ao longo dos últimos 15 anos, incluindo dez carros de luxo, entre eles uma BMW e um apartamento em São Paulo.
O ex-operador financeiro de Cunha afirmou ter como provar suas declarações. "Tenho como provar como gerei o dinheiro, como paguei, que eu paguei o advogado dele na Suíça, tenho todas essas provas. Aí eu quero ver como ele vai negar", disse. "O deputado Eduardo Cunha alugou um flat na mesma rua que a minha para pegar dinheiro no meu escritório, levar pro flat e de lá distribuir dinheiro de propina", acrescentou.
Após o interrogatório de Funaro, Cunha deu uma breve declaração aos jornalistas, voltando a negar todas as declarações de seu ex-operador-financeiro. "[Ele não disse] nada do que já foi falado, ele tem que sustentar a mentira dele", afirmou.
As audiências da ação penal resultante da Operação Sépsis tiveram início na semana passada. Além de Funaro, já foram interrogados Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, e Alexandre Margotto, ex-funcionário de Funaro. Ainda deve ser ouvido o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves. Todos são réus no processo. O interrogatório de Cunha na ação está marcado para a próxima segunda-feira (6).
A Operação Sépsis investiga desvios na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, responsável pela operacionalização do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), cujos aportes precisam ser aprovados pelo conselho curador do FGTS, composto por 12 membros.
Segundo as investigações, uma organização criminosa comandada por Cunha e operada por Funaro e Cleto negociava com empresas interessadas a liberação de aportes milionários do FI-FGTS, em troca do pagamento de propina para campanhas políticas do PMDB.