Frederick Wassef: Em entrevistas recentes, o advogado afirmou, em ao menos duas ocasiões no ano passado, desconhecer o paradeiro de Queiroz (Cristiano Mariz/Abril)
Clara Cerioni
Publicado em 18 de junho de 2020 às 11h18.
Última atualização em 18 de junho de 2020 às 11h18.
O advogado Frederick Wassef, dono do imóvel em que vivia há mais de um ano o ex-assessor Fabrício Queiroz, preso na manhã desta quinta-feira, 18, é advogado de Flávio Bolsonaro no caso, o que levanta a suspeita sobre uma possível troca de informações entre investigados.
Em entrevistas recentes, o advogado afirmou, em ao menos duas ocasiões no ano passado, desconhecer o paradeiro do ex-assessor. "Não sei. Não sou advogado dele", afirmou ele em entrevista à GloboNews, em setembro do ano passado. Segundo o delegado da Polícia Civil Osvaldo Nico Gonçalves, no entanto, o ex-funcionário morava numa casa do advogado em Atibaia, no interior de São Paulo, havia um ano.
Flávio também já afirmou não saber o paradeiro do ex-assessor e chegou a alertar que não mantinha mais contato com Queiroz justamente para que isso não fosse interpretado como crime.
O advogado, que também representou o presidente Jair Bolsonaro no caso Adélio Bispo, se apresenta como consultor jurídico da família Bolsonaro e é presença constante nos palácios do Planalto e do Alvorada, mas não costuma aparecer nas agendas oficiais do presidente.
Nesta quarta-feira, ele esteve na cerimônia de posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria. Na semana anterior, passou a tarde com o presidente na sede do Executivo e deixou o local por volta das 20h. O motivo do encontro não foi informado.
Além da família Bolsonaro, Wassef é próximo do secretário especial de comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten. Ainda na pré-campanha presidencial, Wassef apresentou Wajngarten, dono da empresa Controle da Concorrência, nome fantasia da FW Comunicação e Marketing, como um homem capaz de abrir portas em emissoras de televisão.
Wassef conheceu Bolsonaro ainda como deputado federal, em 2016, quando a ideia da candidatura presidencial ainda parecia distante. Depois, na campanha presidencial, o advogado passou a frequentar a casa usada pela equipe de Bolsonaro.
Segundo o jornal O Globo, a operação que prendeu Queiroz foi batizada pelos investigadores de "Operação Anjo", nome foi dado por causa do apelido do advogado. Ele era chamado de "Anjo" pelo clã bolsonarista na intimidade.
A escolha de Wassef para atuar como advogado de Flávio Bolsonaro causou surpresa no meio. A atuação dele como advogado principal em causas é quase nula. Segundo fontes ouvidas pelo jornal O Globo, Wassef atua mesmo é nos bastidores, dando suporte a clientes de outras bancas, principalmente em casos que têm policiais como réus.