Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 23 de abril de 2025 às 15h03.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira, 23, que os aposentados e pensionistas lesados pelas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) poderão ser ressarcidos.
A Polícia Federal (PF) a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram uma operação para combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados feitos por sindicatos em aposentadorias e pensões. As entidades cobraram de aposentados e pensionistas R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo a PF e a CGU.
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por decisão judicial. Ele foi alvo de buscas no gabinete e em sua residência.
Em coletiva, o ministro disse que as empresas e pessoas envolvidas nas irregularidades possuem patrimônio que poderá ser utilizado para compensar as vítimas.
"Muitas dessas entidades têm bens, têm patrimônio. Foram arrecadados muitos bens e dinheiro em espécie. Tudo isso será, num primeiro momento, utilizado para fazer frente a essas reivindicações, que certamente virão", disse.
Lewandowski afirmou ainda que aposentados e pensionistas foram "vítimas fáceis" de criminosos que se apropriaram de parte de benefícios pagos pelo INSS.
"Foi uma fraude contra os aposentados, pessoas que estão em fase adiantada da vida, naturalmente debilitadas. Foram vítimas fáceis desses criminosos que se apropriaram das pensões e aposentadorias. Essa é uma operação especial que se insere naquele conjunto de apurações que o ministério tem desenvolvido contra o crime organizado", disse.
Ministro disse que foram abertos 12 inquéritos judiciais, três prisões temporárias foram cumpridas e três pessoas estão foragidas.
"Nós deflagramos uma operação importante e muito abrangente visando proteger os aposentados que estavam tendo descontadas ilegalmente suas aposentadorias e pensões de entidades que se intitulavam protetoras desses aposentados", afirmou.
Lewandowski disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi avisado durante a manhã sobre a operação e que o petista expressou "grande preocupação" sobre o tema.
Entre as medidas tomadas após a operação, o governo suspendeu todos os acordos para desconto de mensalidades de sindicatos em aposentadorias e pensões do INSS.
"A administração por cautela vai suspender, vai dar um freio de arrumação, e examinar o quadro para regularizar o desconto", disse Lewandowski.
O ministro explicou que ainda pode ocorrer desconto no próximo mês, porque a folha continua rodando, mas o dinheiro não será repassado.
"Estamos suspendendo e a CGU vai ajudar para garantir que isso seja feito a suspensão dos acordos de cooperação técnica para dar um freio de arrumação e organizar esse sistema", disse o ministro da CGU, Vinícius Carvalho.
Carvalho explicou que um relatório revelou que até 98% dos descontos associativos feitos diretamente na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS foram realizados sem autorização dos beneficiários. A auditoria ouviu 1.273 pessoas em todos os estados e concluiu que 1.242 delas afirmaram nunca ter autorizado o desconto — e 1.221 disseram sequer fazer parte de associações ou sindicatos.
O documento mostra que entidades sindicais e associativas firmaram Acordos de Cooperação Técnica com o INSS e, com isso, passaram a incluir mensalidades nas aposentadorias sem que os próprios aposentados tivessem conhecimento.
Há casos em que as assinaturas foram consideradas falsas, feitas por beneficiários com doenças incapacitantes, por indígenas analfabetos e até por pessoas que moram no exterior. A CGU identificou ainda que 21 entidades realizaram 100% dos descontos sem autorização.
A orientação da PF é que os aposentados e pensionistas do INSS que tiverem descontos indevidos de mensalidade associativa no extrato de pagamentos (contracheque) peçam a exclusão do débito de forma automática pelo aplicativo ou site meu INSS.
Veja o passo a passo:
O serviço também pode ser solicitado pela Central 135, assim como diretamente às entidades associativas.