(Christopher Goodney/Bloomberg/Bloomberg)
Luiza Calegari
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 17h22.
São Paulo — A decisão do governo Michel Temer de decretar intervenção federal no Rio de Janeiro pode ter um beneficiário improvável: Jair Bolsonaro. Pelo menos é o que diz a consultoria Eurasia.
Com o anúncio, o governo determina uma mudança de prioridades como forma de melhorar a popularidade de Temer e garantir capital político para seu sucessor.
No entanto, pode ser que o resultado disso seja oferecer uma "ajuda marginal" a Bolsonaro, cuja plataforma de campanha consiste em defender medidas mais duras nesse sentido.
Para os analistas Silvio Cascione, Christopher Carman, Filipe Gruppelli Carvalho e Djania Savoldi, o benefício pode ser ainda maior se a intervenção falhar.
No entanto, diante de uma impopularidade recorde, como é o caso do governo Temer, há pouco a perder arriscando alto, segundo a avaliação da Eurasia.
Para os analistas, o principal aspecto a ser destacado do anúncio de hoje é que os estados brasileiros vão piorar antes de melhorar.
A intervenção anunciada é uma "solução provisória para um problema estrutural", segundo a Eurasia. Estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Norte também estão sofrendo problemas financeiros graves, que têm refletido na aversão dos cidadãos aos políticos.
Para a consultoria, mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro volte a crescer, ainda vai levar muito tempo para que os estados consigam resolver seus problemas mais graves, como o excesso de gastos com os salários do funcionalismo e aposentadorias de servidores.
Quem quer que seja o novo presidente do Brasil, portanto, terá que lidar com a crise financeira nos estados e encarar a reforma da Previdência, se quiser promover alguma mudança significativa no país, segundo a consultoria.