Marcha da Maconha em SP: protesto pede pelo fim da guerra às drogas no Brasil (Reuters/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de junho de 2019 às 10h40.
Última atualização em 2 de junho de 2019 às 10h41.
São Paulo — Centenas de pessoas fizeram uma manifestação neste sábado (01) no centro de São Paulo a favor da legalização da maconha e para exigir, pelo menos, a descriminalização do consumo pessoal de tal substância, pedindo o fim da "guerra às drogas" no país.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deveria retomar a análise para decidir se descriminaliza ou não o consumo pessoal de substâncias consideradas ilícitas, mas a discussão acabou sendo adiada na última quinta-feira.
O STF começou a debater o assunto em 2015, mas a sessão foi suspensa por tempo indeterminado quando três dos 11 juízes que integram o plenário já tinham votado a favor da descriminalização do porte e consumo pessoal de drogas.
O que se discute é a constitucionalidade ou não do artigo 28 da Lei das Drogas, que prevê penas para "quem adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou levar consigo" drogas ilegais para consumo pessoal.
Neste sentido, sob o lema "Para o povo vivo e livre - legalize", centenas de brasileiros percorreram neste sábado a Avenida Paulista para pressionar os juízes do STF a que, pelo menos, descriminalizem o consumo pessoal.
Marcelo Gutiérrez, de 33 anos e médico de profissão, afirmou à Agência Efe que manifestação tem "muita importância" porque a maconha é, na sua opinião, "uma substância muito estigmatizada", mas que na área da medicina "tem muitas aplicações em muitas doenças".
"É importante pesquisar, fazer testes clínicos para ter um maior conhecimento porque os princípios ativos da cannabis são muito favoráveis para tratar muitas doenças, mas temos que pesquisar mais e como se pesquisa? Quando for legal", acrescentou Marcelo.
Lauro Pontes, psicólogo de 42 anos e coordenador da associação AbraCannabis, se mostrou igualmente favorável ao uso dessa substância para tratar de alguns pacientes.
"E para isso é necessária a descriminalização, por isso estamos aqui apoiando a passeata de São Paulo, como também estivemos na do Rio de Janeiro, e lutando para que pelo menos descriminalizem a maconha", disse
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Segundo os dados mais recentes do Ministério da Justiça, coletados pela associação Conectas, 26,5% da população carcerária masculina e 62% da feminina responde por crimes relacionados com o tráfico de drogas.
De 2006, quando foi publicada a Lei de Drogas, até 2017, a população carcerária cresceu no Brasil mais de 80% até o total de 730 mil pessoas, ocupando o terceiro lugar na classificação mundial.