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Fotos de José Medeiros levam raízes brasileiras para Lisboa

Algumas das mais destacadas reportagens realizadas por Medeiros, morto em 1990, para a revista "O Cruzeiro", fazem parte da mostra


	Foto: mostra inclui fotos suas dos índios da região do Xingu, seu famoso trabalho sobre o candomblé, realizado em 1951, e também imagens das áreas mais pobres do Brasil
 (Mattox / SXC)

Foto: mostra inclui fotos suas dos índios da região do Xingu, seu famoso trabalho sobre o candomblé, realizado em 1951, e também imagens das áreas mais pobres do Brasil (Mattox / SXC)

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Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2013 às 19h58.

Lisboa - A visão humanística que o fotógrafo José Medeiros introduziu no fotojornalismo do Brasil a partir da década de 40 chegaram nesta quinta-feira em Portugal, graças à exposição "Crônicas do Brasil".

Algumas das mais destacadas reportagens realizadas por Medeiros, morto em 1990, para a revista "O Cruzeiro", fazem parte da mostra, que inclui fotos suas dos índios da região do Xingu, seu famoso trabalho sobre o candomblé, realizado em 1951, e também imagens das áreas mais pobres do Brasil. A exposição ficará aberta até o dia 4 de abril.

"Esses trabalhos mostram as raízes brasileiras, além das raízes do Nordeste, uma região historicamente mais carente. Com elas Medeiros introduziu a sensibilidade e uma postura mais humanista no fotojornalismo", disse Sergio Burgi, curador da exposição ao lado de Elise Jasmin.

Estas fotos contrastam com "seu olhar mais crítico em direção à sociedade urbana e à elite" da cidade do Rio, que também retratou para a revista "Cruzeiro".

Os trabalhos de Medeiros serão expostos em outras mostra em Portugal, chamada "Brasil era uma festa". A dobradinha sobre o fotógrafo faz parte do programa do Ano do Brasil em Portugal.


"Sempre que pôde, ele mesmo introduziu pautas na revista. E o universo aqui representado é sempre afetivo, de empatia com quem se relaciona através da fotografia", declarou Burgi.

Algumas das imagens correspondem aos primeiros contatos dos indígenas com a fotografia, o que reforça o aspecto documentário de sua obra, uma das chaves da renovação de sua linguagem.

Da revista "O Cruzeiro", Medeiros se transferiu, ao lado do também fotógrafo da revista Luiz Carlos Barreto, para o cinema. Os dois participaram do movimento do Cinema Novo e Medeiros, que se tornou diretor de fotografia, manteve sua objetividade humanística e o uso privilegiado da luz natural.

Medeiros trabalhou em obras como "A Falecida", de Leon Hirszman, "Memórias do Cárcere", de Nelson Pereira dos Santos, e "Xica da Silva", dirigida por Cacá Diegues.

A obra de Medeiros foi posteriormente uma referência para fotojornalistas como Evandro Teixeira e Walter Firmo, também influenciados pela revista "O Cruzeiro".

"Foi uma revista de grandes recursos e repercussão, com reportagens que não seriam admitidas por outras", conta Burgi sobre a publicação, que chegou a vender 750 mil exemplares por semana nos anos 50.

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