EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 13h10.
Coube à maior cidade da América Latina, São Paulo, o papel de receber cerca de 280 economistas, empresários e representantes de governo nestas quarta e quinta-feiras (5 e 6/4) para uma série de painéis que têm como objetivo discutir a competitividade dos latinos. Eles virão de 27 países diferentes, convidados pelo Fórum Econômico Mundial, e pretendem mostrar por que países da região - como o Brasil, que já usou as vestes de estrela do mundo emergente - estão perdendo espaço e dinheiro na luta contra os cada vez mais gigantes Índia e China.
O Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina parte de uma constatação: os latinos precisam olhar para si próprios se desejam atrair investidores, compradores e recursos. Não à toa a região foi considerada a grande "esquecida" da versão oficial do fórum, realizada em janeiro em Davos, na Suíça. Em um ranking de 117 países, baseado em competitividade, apenas o Chile mostrou bom desempenho, com a 27ª colocação, enquanto todos os outros da América Latina ficaram abaixo do 50º posto. Ao Brasil, coube o 57º, atrás de Argentina e Costa Rica.
"Não foi o Fórum que esqueceu dos latinos, foram as grandes corporações, que estão voltados para China e Índia. O motivo para isso é muito simples: outros mercados emergentes estão atingindo taxas de crescimento maiores do que as da América Latina", diz Emilio Lozoya, gerente do Fórum Econômico Mundial para a região. Natural do México, Lozoya acredita que a edição do fórum em São Paulo assumiu a missão de explicar como uma região que deve crescer 3,8% em 2006 pode se arriscar em uma competição com chineses e indianos, cujas estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto para 2006 estão, respectivamente, em 8,2% e 6,3%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.
Para Lozoya, a chance da América Latina está em melhorar a quantidade e a qualidade dos investimentos. "Nós poupamos pouco, investimos pouco e temos pouca produtividade. A China, por exemplo, também não tem muita produtividade, mas poupa bastante e investe muito", afirma o gerente. Entre as áreas mais alarmantes, Lozoya cita a infra-estrutura, a promoção de uma concorrência mais livre de regulação, a educação e a capacitação dos trabalhadores. O argumento é o mesmo citado no documento de apoio às discussões publicado pelo Fórum, segundo o qual "há uma urgente necessidade por maiores investimentos em transporte, telecomunicações e infra-estrutura de energia na maioria dos países da região".
Na opinião dos dirigentes do Fórum Econômico, há quatro prioridades que devem ser adotadas pelos latinos: gestão do impacto de riscos globais e regionais, aumento da competitividade, integração regional e estrutura de investimento. Elas foram transformadas em pilares das discussões que serão realizadas nesta semana em um hotel de São Paulo e conduzidas por nomes como Felisa Miceli, ministra da Fazenda da Argentina, Pedro Kuczynski, primeiro-ministro do Peru, John Williamson, do americano Institute for International Economics, José Miguel Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Alejandro Jara, diretor da Organização Mundial do Comércio e Luis Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Brasileiros também marcarão presença, com representantes do mercado, do governo e do meio acadêmico. Os ministros Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social, e Silas Rondeau, das Minas e Energia, discutirão comércio, desafios sociais e biocombustíveis. Ainda estão previstas as participações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que falará sobre as ações mais urgentes para o fortalecimento da América Latina na sessão de encerramento do Fórum. Entre os empresários, Jorge Gerdau Johannpeter, da Gerdau, que divide a presidência do Fórum com Luis Moreno, David Feffer, da Suzano Holding, e Ivan Zurita, da Nestlé Brasil.