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"Força da gravidade" favorece Alckmin para 2018, diz Delfim Netto

Na avaliação dele, os brasileiros devem chegar às urnas em 2018 num ambiente econômico mais favorável, o que pode favorecer candidato da base de Temer

Delfim Netto: depois de colaborar com os governos petistas, Delfim vê com bons olhos a gestão econômica de Temer (Nacho Doce/Reuters)

Delfim Netto: depois de colaborar com os governos petistas, Delfim vê com bons olhos a gestão econômica de Temer (Nacho Doce/Reuters)

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Reuters

Publicado em 27 de março de 2017 às 16h30.

São Paulo - Os cenários econômico e político têm favorecido o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a se firmar como o mais provável vencedor da próxima eleição presidencial, assumindo a posição de candidato da base do governo Michel Temer em 2018.

A avaliação é do economista Antônio Delfim Netto, do alto da experiência de quem foi deputado federal por 20 anos, ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento durante governos do regime militar e um dos principais conselheiros econômicos informais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, papel que exerceu em menor grau também no primeiro mandato de Dilma Rousseff.

"A perspectiva para a eleição de 2018 é um pouco diferente da que estamos vivendo hoje. Eu diria que a força da gravidade funciona na direção do Alckmin", disse Delfim à Reuters, em seu escritório em São Paulo.

Na avaliação dele, os brasileiros devem chegar às urnas no ano que vem num ambiente econômico mais favorável do que o atual, com recuperação do crescimento econômico e do emprego, o que pode favorecer um candidato da base de Temer.

Ao mesmo tempo, segundo o ex-ministro, o governador paulista partiria para a disputa presidencial com capital político.

"O PSDB tem controle do Estado de São Paulo, da prefeitura de São Paulo", afirmou o ex-ministro, acrescentando que o governador paulista poderia ter cerca de 60 por cento dos votos de São Paulo na corrida presidencial, carregando ainda Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, o sul de Mato Grosso e um pedaço do sul de Minas Gerais.

"De forma que é pouco provável que num segundo turno alguém ganhe do Alckmin", afirmou.

Atualmente, o governador de São Paulo é um dos principais presidenciáveis do PSDB e da base do governo Temer. O senador Aécio Neves (MG) e o senador e ex-ministro José Serra (SP) são outros postulantes ao cargo.

Mais recentemente, o nome o prefeito de São Paulo, João Doria, de quem Alckmin é padrinho político, começou a ganhar fôlego para a disputa presidencial.

"Os próprios inimigos do Alckmin dentro do partido dizem que o Dória é uma alternativa, o que mostra o que é o PSDB: um ninho de jararaca", afirmou Delfim.

As últimas pesquisas eleitorais mostram que o caminho de Alckmin será árduo numa eventual disputa presidencial, brigando por uma vaga no segundo turno com Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSC) e Ciro Gomes (PDT). Por ora, a outra vaga é do ex-presidente Lula (PT), que lidera a disputa tanto no primeiro como no segundo turno.

Alckmin também aparece, segundo reportagens da mídia, nas delações premiadas de executivos da Odebrecht na operação Lava Jato, assim como Aécio, Serra, Lula e inúmeros políticos, o que, para Delfim, na prática, coloca todos no mesmo barco nesse tema.

Governo Temer

Depois de colaborar com os governos petistas, Delfim vê com bons olhos a gestão econômica de Temer e se diz um "otimista moderado".

Ele avalia que o presidente faz uma espécie de "parlamentarismo de ocasião", o que está permitindo ao governo aprovar uma série de medidas na área econômica.

"O Temer é um dos últimos políticos brasileiros que faz tricô com quatro agulhas. Ele aprovou o controle das despesas que parecia impossível. Está discutindo com uma probabilidade muito grande de sucesso o problema da Previdência."

Delfim considera a reforma da Previdência essencial para que o país volte a crescer nos próximos anos e defende como fundamental a adoção da idade mínima de 65 anos.

O ex-ministro ainda elogiou a decisão de Temer de excluir da reforma da Previdência servidores estaduais e municipais, por acreditar se tratar de uma "armadilha" diante da possibilidade de judicialização da medida.

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