Joesley Batista: "foi covardia (do procurador-geral da República, Rodrigo Janot) depois de tudo o que fizemos" (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de setembro de 2017 às 18h02.
Última atualização em 15 de setembro de 2017 às 18h05.
São Paulo - O empresário Joesley Batista, dono da JBS, criticou nesta sexta-feira, 15, o que ele chamou de "covardia" do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, "depois de tudo que fizeram".
Na quinta-feira, 14, quando apresentou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, Janot também notificou o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que estava rescindindo o contrato de delação premiada com os executivos da JBS.
"Foi covardia (do procurador-geral da República, Rodrigo Janot) depois de tudo o que fizemos", disse Joesley, em depoimento à Justiça Federal, em São Paulo, nesta sexta. O executivo depõe no âmbito da Operação Acerto de Contas, 2ª fase da Tendão de Aquiles.
"Estou pagando por ter deletado o poder", afirmou o dono da empresa à juíza Tais Ferracini, da 6ª Vara Criminal de São Paulo. A audiência ainda está acontecendo e é aberta para profissionais de imprensa.
Desde domingo, 10, Joesley e Ricardo Saud, também colaborador, estão presos em Brasília - nesta sexta, Joesley deve passar a noite na sede da Polícia Federal em São Paulo.
Ao comunicar a rescisão das colaborações, Janot também converteu a prisão temporária, cujo prazo encerrava ontem, para prisão preventiva, que não tem período máximo.
A Procuradoria-Geral conseguiu resgatar áudios deletados de Saud e Joesley que indicam jogo-duplo do ex-procurador Marcello Miller.
Por entender que eles omitiram fatos, os delatores, que conseguiram imunidade total após apresentarem à PGR gravações incriminando Temer e outros políticos do alto escalão, perderam os benefícios do acordo.
Os depoimentos desta sexta são no âmbito do inquérito que investiga se a JBS fez uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro. O executivo negou as acusações.
"As vendas das ações foram por um único e exclusivo motivo de necessidade de caixa", diz Joesley Batista. "As ações são nossos ativos líquidos. Os bancos restringiram crédito para nós. Com a situação dos bancos, que não renovaram suas linhas de crédito, as vendas da ação não têm nada a ver com insider", completou.