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FMI quer que Brasil desacelere o gasto público

Relatório do fundo também defende que país restrinja operações parafiscais nos bancos públicos

O FMI publicou hoje o relatório Perspectivas Econômicas das Américas (Arquivo)

O FMI publicou hoje o relatório Perspectivas Econômicas das Américas (Arquivo)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2010 às 15h38.

Brasília - O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou hoje (19) que o Brasil desacelere a expansão do gasto público e restrinja operações parafiscais (que não aparecem no orçamento) dos bancos públicos. As recomendações estão no relatório divulgado nesta terça-feira, em Washington.

No documento Perspectivas Econômicas das Américas, o Brasil e outros países latino-americanos que apresentam crescimento vigoroso - com grandes fluxos de capital estrangeiro - devem estar atentos aos riscos de superaquecimento da economia, inflação e deterioração das contas externas.

As informações são da BBC Brasil. O Fundo recomenda que, nesses países, "a normalização da política fiscal seja a primeira linha de defesa, com ênfase em desacelerar a expansão do gasto público".

"No caso do Brasil, a restrição do gasto deverá ser acompanhada de uma diminuição das operações parafiscais dos bancos públicos [o que, por sua vez, permitirá corrigir as distorções do canal de crédito que reduzem a eficácia da política monetária]", diz o texto.

Críticos no Brasil afirmam que os aportes ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) podem desequilibrar as contas públicas e que o Tesouro está aumentando a dívida pública ao destinar recursos ao banco.

A combinação entre política fiscal e monetária a ser adotada pelo próximo governo brasileiro, que assumirá o poder em janeiro de 2011, é motivo de preocupação de analistas. Muitos afirmam que uma política fiscal mais rígida, com menor expansão do gasto público, reduziria a pressão sobre a política monetária (taxa de juros) e, consequentemente, diminuiriam o fluxo de capital externo na economia brasileira e a valorização do real em relação ao dólar - o que prejudica exportadores nacionais.

De acordo com o fundo, a retirada do estímulo fiscal deve preceder a retirada do estímulo monetário. "Isso permitiria que a política monetária desempenhasse um papel secundário, em que as taxas de juros regressem a níveis neutros de maneira mais gradual do que seria necessário em outros casos", diz o relatório.

A taxa básica de juros no Brasil é de 10,75% ao ano, uma das mais altas do mundo, o que serve de atrativo para investidores estrangeiros, em um momento em que economias avançadas, como a americana, mantêm suas taxas de juros próximas de zero.

A entrada excessiva de capital estrangeiro preocupa o governo brasileiro, que já tomou medidas para restringir esse fluxo, como o recente aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros no mercado de renda fixa.
 

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