Flávio Bolsonaro: família Bolsonaro tem negado que existia uma relação entre eles e o miliciano morto (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de fevereiro de 2020 às 14h01.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2020 às 18h17.
São Paulo — Ex-companheiro do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega na prisão, o vereador do Rio e sargento da Polícia Militar Ítalo Ciba (Avante) afirmou ao jornal O Globo que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) visitou os dois "mais de uma vez" na cadeia. A família Bolsonaro tem negado que existia uma relação entre eles e o miliciano morto no dia 9 na Bahia.
O jornal O Estado de S. Paulo tentou contato com o vereador, mas a assessoria disse que ele não vai mais falar. A equipe dele, no entanto, confirmou as afirmações feitas ao jornal carioca.
Ciba também disse que Adriano frequentava o gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, a Alerj, quando o senador era deputado estadual.
As idas ao local teriam sido feitas a convite de Fabrício Queiroz, ex-chefe de gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro e apontado como operador dos desvios de recurso no gabinete.
O próprio Adriano seria beneficiado pelo esquema de rachadinha, segundo o Ministério Público fluminense.
Ex-capitão do Bope, Adriano teve a mãe e a ex-mulher empregadas na Alerj. Elas seriam funcionárias fantasmas.
Além deste vínculo, o então deputado também presenteou o miliciano, em 2005, com a Medalha Tiradentes, maior honraria do Legislativo do Rio. Ele estava preso quando foi homenageado.
O senador afirmou, em nota, que só visitou Adriano na ocasião da entrega da medalha. Ítalo Ciba, contudo, disse que houve mais visitas.
Ele e o miliciano ficaram presos juntos em 2003, quando integravam o Grupamento de Ações Táticas (GAT), comandado por Adriano. Foram acusados de homicídio, tortura e extorsão. Foi nesse período, segundo o vereador, que Flávio visitou mais de uma vez a prisão.
"Não há nenhuma relação de Flávio Bolsonaro ou da família com Adriano", diz a nota enviada pelo senador ao Globo.
O jornal carioca tentou, via Lei de Acesso à Informação, obter a lista de visitas recebidas pelo então policial militar na cadeia mas o órgão alegou sigilo.
A Alerj disse não ter registros de visitas de Adriano a gabinetes, mas reconheceu que o sistema do prédio anexo, onde ficam os escritórios dos deputados, era falho até o ano passado.
Apontado por promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ como chefe da milícia de Rio das Pedras, o ex-capitão do Bope carioca foi morto com dois tiros, em Esplanada, ao reagir ao cerco policial feito por homens do Bope baiano.