Plenário do Senado Federal durante terceira reunião preparatória destinada à eleição e posse dos 1º e 2º vice-presidentes; 1º, 2º, 3º e 4º secretários; e 1º, 2º, 3º e 4º suplentes de secretário da Mesa do Senado Federal. Os membros da Mesa são os mesmos que integram a Comissão Diretora, a quem cabe a direção do Senado. A votação para os demais membros da Mesa também é secreta, por maioria de votos, presente a maioria dos senadores. À bancada, em pronunciamento, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado (Geraldo Magela/Agência Senado/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 15 de fevereiro de 2023 às 12h59.
Em meio a uma queda de braço pelo comando estadual do PL, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem se apresentado a interlocutores na classe política como candidato à Prefeitura do Rio em 2024. O objetivo, segundo aliados de Flávio, é marcar posição na capital fluminense de olho em um embate com o prefeito Eduardo Paes (PSD), que costurou aliança com o presidente Lula (PT) e busca ainda o apoio do governador Cláudio Castro (PL) — que, por sua vez, articula a candidatura de um aliado.
A movimentação de Flávio se acentuou em meio ao racha no PL na eleição à presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que opôs o candidato apoiado por Castro, Rodrigo Bacellar, ao grupo liderado pelo presidente estadual do partido, deputado federal Altineu Côrtes. O embate levou Castro a exigir o comando do PL no Rio, mas o pleito não foi atendido pelo chefe nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, de quem Altineu é aliado de longa data. Diante da queda de braço, Flávio deu um passo à frente e passou a articular também por maior influência nos rumos do partido, que deverá ter acesso à maior fatia do fundo eleitoral nas eleições municipais.
"A candidatura (de Flávio) seguramente terá o apoio da bancada do PL. É o nome que representa a base bolsonarista", disse o deputado estadual Filippe Poubel (PL).
O avanço bolsonarista no Rio pode travar a costura de Castro, que tem se aproximado de Lula e, em paralelo, planeja lançar seu atual secretário de Saúde, Doutor Luizinho (PP), como candidato à prefeitura com apoio do PL na chapa. A aliança com o bolsonarismo é considerada necessária para viabilizar a candidatura de Luizinho contra Paes, que tenta assegurar para sua reeleição os apoios do PT e de partidos da base de Lula, como PSB, PDT e União Brasil. Paes fez uma reforma no secretariado no início do ano para acomodar essas siglas.
Após o embate na Alerj, Castro ameaçou deixar o PL, mas recuou na última sexta-feira em conversa por telefone com Valdemar, conforme antecipou a colunista do GLOBO Bela Megale. Segundo aliados do governador, um dos fatores levados em consideração para a decisão de permanecer no PL por ora foi a perspectiva de assumir as rédeas do partido no estado, em meio às pressões do próprio Castro e de Flávio sobre Altineu.
A interlocutores, o deputado tem buscado diminuir a fervura e defendido que a união com o governador e o senador é o melhor para o PL, mas não sinaliza intenção de abrir mão do comando do partido no estado. Na bancada do PL fluminense, parlamentares bolsonaristas têm manifestado apoio à continuidade de Altineu como líder do partido na Câmara, com a ressalva de que é uma tarefa “complexa” e que consome grande quantidade de tempo para atender os 99 deputados da sigla.
A possível candidatura de Flávio também interdita, por ora, debates internos do PL com outros nomes para chapas à prefeitura do Rio. Dois generais da reserva e ex-ministros de Bolsonaro, Walter Braga Netto e Eduardo Pazuello, foram cotados pelo partido para compor candidaturas alinhadas ao bolsonarismo, assim como o senador Carlos Portinho (PL-RJ).
Caso deixe o Senado, a vaga de Flávio ficará com o suplente, o empresário Paulo Marinho, que tornou-se desafeto de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Outro desdobramento numa eleição à prefeitura seria a mudança de seu foro, atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF), para o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), que já analisa o caso das rachadinhas. Procurado, Flávio não se manifestou.
Candidato à reeleição, o atual prefeito do Rio busca assegurar o apoio do presidente Lula (PT) e de partidos que formam a base do governo federal, como PSB, PDT e União Brasil — que foram contemplados em recente reforma no secretariado municipal. Paes também acenou com uma tentativa de aliança com o governador Cláudio Castro (PL) e chegou a lhe oferecer uma filiação ao PSD. Embora negue publicamente, Paes se movimenta de olho na corrida ao governo em 2026.
Aliado de Castro e atual secretário estadual de Saúde, Luizinho é o nome da preferência do governador para articular uma chapa de oposição a Paes que busque também o apoio do bolsonarismo no Rio. Próximo também ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Luizinho se reelegeu como deputado federal em 2022. Uma eventual candidatura pode atrair também o apoio do União Brasil, em caso de federação com o PP.
Eleito deputado federal no ano passado, Tarcísio é considerado um nome natural dentro do PSOL para disputar a Prefeitura do Rio — há também apoio entre integrantes do PT que resistem a uma aliança com Paes. Tarcísio já concorreu duas vezes ao governo do Rio, e obteve dois mandatos consecutivos como vereador na capital. Pesa contra a candidatura a chance de ficar isolado na esquerda em caso de uma eleição polarizada entre Paes e um aliado de Bolsonaro.
Ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice-presidente no ano passado, o general da reserva foi um dos nomes ventilados pelo PL para uma candidatura alinhada ao bolsonarismo. Além de Braga Netto, outro ex-ministro e general, Eduardo Pazuello, é cotado internamente pelo partido — seja para encabeçar uma chapa ou para concorrer como vice em uma candidatura apoiada por Castro. Colega de Flávio no Senado, o senador Carlos Portinho também se movimenta de olho no pleito municipal.