Bloco de carnaval: o Zika vírus foi encontrado de forma ativa na saliva (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 14h15.
Rio de Janeiro - A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou nesta sexta-feira que detectou a presença do Zika vírus ativo em amostras de saliva e urina, mas os pesquisadores ressaltaram que ainda não foi comprovada a transmissão do vírus por esses meios.
A evidência, baseada na análise de amostras de dois pacientes com sintomas compatíveis com o Zika, sugere a necessidade de investigar a relevância destas vias alternativas de transmissão viral, de acordo com a Fiocruz.
"O Zika vírus foi encontrado de forma ativa, ou seja, com capacidade de infecção, na urina e na saliva", disse em entrevista coletiva o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, no Rio de Janeiro.
Gadelha frisou que ainda não foi comprovada a transmissão do vírus por saliva ou urina, daí a necessidade de estudos adicionais.
"Pode haver um vírus se replicando, crescendo, naquele meio e não necessariamente ele tem a capacidade de passar para outras pessoas atingindo o conjunto dos organismo", disse o presidente da Fiocruz.
De acordo com a pesquisadora Myrna Bonaldo, que liderou o estudo, é a primeira vez que se demonstra que o vírus está ativo na urina e na saliva de pacientes com o Zika vírus.
"(Isso) abre novos paradigmas para entendermos as rotas de transmissão do Zika", disse ela.
Muito ainda permanece desconhecido sobre o Zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. O Ministério da Saúde, no entanto, confirmou no ano passado a relação entre o Zika e o surto de microcefalia na Região Nordeste do país.
Os casos suspeitos e confirmados de recém-nascidos com má-formação cerebral ligada ao Zika vírus no Brasil chegaram a 4.074 até 30 de janeiro, segundo último balanço ministério.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de emergência internacional pelo Zika em 1º de fevereiro, citando forte suspeita de relação entre o vírus em grávidas com a microcefalia.
Cientistas também estão estudando a potencial relação entre o Zika e uma rara doença neurológica que enfraquece os músculos e causa paralisia, Guillain-Barre.
Texto atualizado às 15h14.