Vacinas de RNA mensageiro são um novo tipo de imunizante em estudo. (Andriy Onufriyenko/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 21 de setembro de 2021 às 20h21.
Última atualização em 25 de setembro de 2021 às 08h25.
A Fiocruz foi selecionada, nesta terça-feira, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como centro para desenvolvimento e produção de vacinas com tecnologia de RNA mensageiro na América Latina. As vacinas da Pfizer e da Moderna, por exemplo, são de RNA mensageiro.
A seleção do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) é resultado de uma chamada mundial lançada em abril, com o objetivo de aumentar a capacidade de produção e ampliar o acesso às vacinas contra a Covid-19 nas Américas. Cerca de trinta empresas e instituições científicas latino-americanas participaram. O processo de escolha foi realizado por comitê de especialistas independentes e, além da Fiocruz, outra proposta, localizada na Argentina, também foi selecionada.
Segundo a OMS, Bio-Manguinhos/Fiocruz foi escolhido em função de sua tradição na produção de vacinas e dos avanços apresentados para o desenvolvimento de uma vacina de mRNA contra a Covid-19, atualmente em estágio pré-clínico.
A vacina candidata é baseada na tecnologia de RNA auto-replicativo, e expressa não somente a proteína Spike, mas também a proteína N, para melhor resposta imunológica. Essa tecnologia demanda menos necessidades produtivas, atingindo uma escala em termos de doses superior a de outras vacinas de mRNA. Isto permite que o seu custo seja inferior ao de outras vacinas semelhantes, possibilitando a ampliação ao seu acesso.
Como resultado da seleção, a Opas/OMS colocará à disposição da Fiocruz uma equipe de especialistas internacionais com experiência nos diferentes aspectos de desenvolvimento e produção de vacinas desta natureza. É esperada, ainda, a cooperação com o consórcio sul-africano também escolhido pela OMS, com o centro argentino e outros produtores da região.
Uma vez desenvolvida, a vacina candidata passará pelo processo de pré-qualificação da OMS, que garante o cumprimento dos padrões internacionais de qualidade, segurança e eficácia. Para assegurar o acesso equitativo, a vacina será oferecida aos estados-membros e territórios da Opas por meio de seu Fundo Rotatório, que fornece vacinas acessíveis há mais de 40 anos na região. Bio-Manguinhos já dispõe de uma planta suficientemente avançada para a produção da vacina candidata, não sendo necessária a construção de uma nova fábrica.
“Esta será uma tecnologia que vem se somar à plataforma de adenovírus, utilizada na vacina Fiocruz/AstraZeneca para a Covid-19. O desenvolvimento de uma vacina da Fiocruz de mRNA é um passo fundamental para que o Brasil detenha o domínio tecnológico de duas plataformas fundamentais para o avanço no desenvolvimento de imunobiológicos. Com esse projeto e o apoio da OMS, estamos reafirmando nosso compromisso com a ciência e a tecnologia a serviço da população”, afirmou a presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima.
Além de fornecedora desta vacina, a Fiocruz se comprometeu ainda, como parte do escopo do projeto apresentado à OMS, a compartilhar seu conhecimento para a produção da vacina com demais laboratórios da região
Ainda não há previsão de cronograma.
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