Vacina desenvolvida pela AstraZeneca e Universidade de Oxford: governo brasileiro já investiu quase 2 bilhões de reais na aquisição, transferência de tecnologia e modernização do parque fabril da Fiocruz para a produção local do imunizante (Dado Ruvic/Reuters)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 06h00.
A Fiocruz deve pedir nesta sexta-feira, 8, o uso emergencial da vacina que desenvolve contra a covid-19 à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante é desenvolvido em uma parceria com o laboratório AstraZeneca e a universidade de Oxford.
Nos últimos dias, representantes da instituição brasileira se reuniram diversas vezes com a Anvisa para esclarecer pontos do pedido. Na terça-feira, 5, a Fiocruz decidiu pedir o registro definitivo, mas voltou atrás no dia seguinte e vai optar também pela modalidade emergencial.
A diferença entre o uso emergencial e o definitivo é que o primeiro pode ser pedido com a fase 3 de testes ainda em andamento, enquanto que o segundo exige a finalização dos estudos. No uso emergencial, as vacinas podem ser aplicadas apenas em um grupo específico, como os profissionais de saúde, por exemplo. Já no registro definitivo o imunizante está liberado para a distribuição em larga escala.
Com o pedido feito, a Anvisa tem um prazo de dez dias para analisar os documentos. Caso seja liberado no limite, o aval da agência seria emitido no dia 18 de janeiro. O governo federal pretende iniciar uma imunização no dia 20 de janeiro.
Mas para isso, ainda precisa ter a vacina à disposição no país. Por enquanto, a Fiocruz não tem capacidade de produção da vacina localmente. Um lote com dois milhões de doses prontas será importado e deve chegar ao Brasil nos próximos dias, segundo informação confirmada por EXAME.
Em entrevista coletiva na quinta-feira, 7, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que negocia a compra de vacina com vários laboratórios, mas que a principal aposta é no imunizante da AstraZeneca/Fiocruz pelo baixo custo.
O governo já investiu quase 2 bilhões de reais na aquisição, transferência de tecnologia e modernização do parque fabril da Fiocruz, que produzirá a vacina no país. Segundo ele, o preço por dose é de 3,75 dólares, enquanto outras, como a do Butantan/Sinovac, custam 10 dólares a dose.
Na mesma entrevista coletiva, Pazuello disse que fechou um acordo com o Instituto Butantan e que o governo federal ficará com todas as doses da Coronavac que deverão ser produzidas. A instituição disse que acordo prevê a compra de 46 milhões e a possiblidade de adquirir mais 54 milhões de unidades. O Butantan vai pedir à Anvisa o uso emergencial nos próximos dias.
Também na quinta-feira, 7, o Butantan divulgou que a Coronavac atingiu um resultado de 78% de eficácia contra a covid-19 no estudo com voluntários brasileiros. O imunizante é desenvolvido em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
De acordo com o Butantan, os estudos mostram que a Coronavac é 100% eficaz nos casos moderados e graves e 78% eficaz nos casos leves de covid-19. “A vacina vem para diminuir essa carga de doença, a gravidade de casos, impedir que as pessoas desenvolvam a forma mais grave da doença uma vez infectadas. É o que esperamos da vacina”, disse Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
A eficácia geral da vacina, aquela que considera todo o grupo de voluntários infectados, porém, não foi divulgada. De acordo com o Butantã, esses dados serão revelados assim que a Anvisa concluir a análise do pedido para uso emergencial.