Emergência lotada em hospital de Porto Alegre durante surto de covid-19. (Diego Vara/File Photo/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de abril de 2021 às 18h39.
Última atualização em 23 de abril de 2021 às 19h05.
A covid-19 está atingindo mais os jovens no Brasil, segundo estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta sexta-feira, que apontou que a faixa de 20 a 29 anos teve o maior aumento nas mortes por covid-19, de 1.082% entre a primeira semana epidemiológica de 2021 — 3 a 9 de janeiro, antes do início da vacinação — e a 14ª semana — 4 a 10 de abril.
De acordo com a Fiocruz, a idade média dos internados na 14ª semana epidemiológica foi de 57,68 anos, enquanto na primeira semana epidemiológica do ano foi de 62,35 anos. Entre os óbitos, a idade média dos que morreram da doença caiu para 64,62 anos na 14ª semana, ante 71,56 anos na primeira.
"Até o fechamento da semana epidemiológica 14, na grande maioria das metrópoles brasileiras a vacinação já havia alcançado fase cuja faixa etária coberta com pelo menos a primeira dose era de pelo menos 70 anos", afirmou a Fiocruz em seu boletim de acompanhamento da pandemia.
"A partir dos dados, novamente pudemos constatar o processo de rejuvenescimento da pandemia no Brasil", acrescentou.
O levantamento mostrou ainda que aumentou o percentual de pessoas com menos de 70 anos internadas em leitos de unidade de terapia intensiva por causa da covid. Na primeira semana epidemiológica deste ano, esse grupo respondia por 52,74% do total, já na 14ª semana eram 72,11%
"Estes números, segundo a investigação, sugerem que a ocupação dos leitos de UTI por população menos longeva tem aumentado", avaliou a Fiocruz.
Segundo os dados levantados pelo estudo, entre a primeira e a 14ª semana epidemiológica, as internações em UTIs de pessoas com mais de 90 anos caíram 72,52%, e entre as pessoas de 80 e 89 anos a redução foi de 62,69%. Ao mesmo tempo, no mesmo período, as internações em UTIs entre jovens de 20 a 29 anos aumentaram 92,79%, entre os de 30 a 39 anos a elevação foi de 79,94% e nos de 40 a 49 o crescimento foi de 74,57%.
"É importante destacar que este cenário pode ser influenciado, por um lado, por uma maior flexibilização do distanciamento nas idades mais jovens, seja pela exaustão do confinamento, seja pela necessidade de retorno ao trabalho presencial ou busca de formas de subsistência, dado o cenário de aprofundamento da crise econômica e das taxas de desemprego", disse a Fiocruz.
"Ainda, o acompanhamento das faixas etárias mais longevas sugere algum efeito do aumento da cobertura vacinal nesta faixa etária, o que irá requerer análises mais robustas nas próximas semanas."
O levantamento também apontou que as taxas de ocupação de leitos de UTI para tratamento de pacientes com covid-19 para adultos no SUS em diversos estados se mantêm, em geral, em níveis muito elevados.
"Dados obtidos em 19 de abril, em comparação aos do último dia 12, indicam a saída do Amapá de zona de alerta crítico para zona de alerta intermediário, na qual já se encontravam Amazonas, Maranhão e Paraíba", disse a Fiocruz.
"Exceto por Roraima, fora da zona de alerta, os demais estados e o Distrito Federal permaneceram em zona de alerta crítico", mostrou o documento.
De acordo com o levantamento da Fiocruz, 14 estados e o Distrito Federal estavam com ocupação de leitos de UTI superior a 90% e sete com ocupação entre 80% e 89%.
Entre as capitais, 17 tinham ocupação de UTI superior a 90% e cinco estavam com entre 80% e 89% das UTIs ocupadas.