Congestionamento nos aeroportos tem sido um problema difícil para o governo administrar, lembra o FT (Bia Parreiras/Viagem e Turismo)
Diogo Max
Publicado em 19 de novembro de 2010 às 09h09.
São Paulo - O Financial Times, um dos mais respeitados jornais de negócios e economia do mundo, criticou o estado dos aeroportos brasileiros. Para a publicação, se nada for feito para melhorar a infraestrutura “comprometida”, o País corre “riscos” de passar “constrangimento público” durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
“O Brasil corre riscos de constrangimento público, pois vai ficar sem espaço em seus aeroportos, bem antes da Copa do Mundo de 2014, devido a um rápido aumento da demanda e aos planos inadequados de desenvolvimento”, diz o Financial Times, em reportagem publicada nesta sexta-feira.
Ontem, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) chamou de “desastrosa” a situação dos aeroportos brasileiros.
“Desde que o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas de 2016, a exuberância festiva deu lugar à triste realidade: a infra-estrutura aérea comprometida é um problema enorme”, aponta o Financial Times, em outra reportagem.
O jornal inglês lembra que o congestionamento tem sido um problema difícil para o governo administrar. “Como a economia se expandiu, a demanda por transporte aéreo cresceu, estimulado por companhias de baixo custo que possibilitam ao passageiro comprar os bilhetes parcelados, trazendo as viagens aéreas às massas”, explica o Financial Times.
Após entrevistar especialistas na área e se o cenário permanecer do jeito que está, o jornal inglês acredita que o Brasil irá enfrentar atrasos e cancelamentos de vôos durante a Copa do Mundo. No longo prazo, o Financial Times prevê que, com o crescimento econômico limitado, devem permanecer as “precárias condições de viagem” no Brasil.
Privatização
Em um determinado trecho da reportagem, o Financial Times levanta a polêmica da privatização dos aeroportos brasileiros. Para o jornal, a “decisão política” resolveria apenas parte do problema, já que a própria geografia em alguns locais impedem o desenvolvimento dos aeroportos - como é o caso do Santos Dumont, no Rio de Janeiro
“A privatização é, naturalmente, uma decisão política e tem sido adiada por eleições presidenciais”, diz a publicação britânica. “Mesmo com Dilma Rousseff na Presidência e seu governo mais comprometido com a construção dos investimentos em infra-estrutura do que o anterior, sua atitude em relação à privatização não é clara”, ressalta.
Mas o Financial Times faz um alerta: “seja qual for a abordagem, o tempo está se esgotando”. E, citando um especialista na área de logística, o jornal lembra que, no Brasil, são necessários pelo menos cinco anos para as construções serem finalizadas – três para as autoridades aprovarem os projetos e dois para implementá-los.