A presidente eleita, Dilma Rousseff, deverá em breve confrontar o calcanhar de Aquiles do Brasil, diz o Financial Times (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)
Diogo Max
Publicado em 7 de dezembro de 2010 às 08h49.
São Paulo - A tradicional coluna Lex, do Financial Times, trouxe nesta terça-feira uma análise sobre a economia brasileira, que deve registrar um alto consumo de produtos importados no final deste ano.
Para o jornal, o “calcanhar de Aquiles” que “a presidente eleita, Dilma Rousseff, deverá em breve confrontar” está justamente aí, no déficit comercial, impulsionado pela valorização do real.
“O dinheiro flui para os mercados emergentes impulsionados pelo setor de commodites, como é o caso do Brasil, que também é impulsionado pela suposição de superávits comerciais”, explica o Financial Times.
“Por contraste, o Brasil tem um déficit, que se expande para 2,6% do PIB neste ano e provavelmente deve chegar a 3,3% em 2015, segundo o FMI. Esse é o calcanhar de Aquiles do país”, acrescenta o jornal.
A coluna Lex também comenta a decisão do Banco Central, em aumentar o compulsório e evitar uma bolha de crédito no País, esfriando o consumo. “A questão negligenciada é a falta de produtos de alto valor no Brasil, para satisfazer as necessidades dos consumidores”, diz o Financial Times.
“O real forte torna a concorrência com as importações ainda mais difícil. E o emaranhado de burocracia, tributação e infra-estrutura deficiente, que inibe a inovação e a produtividade, agora tem até nome próprio: o custo Brasil”, critica o jornal.
Repercussão
Os investidores estrangeiros, segundo a coluna Lex, estão começando a perceber o calcanhar de Aquiles da economia brasileira. “As ações brasileiras têm um desempenho inferior ao dos outros mercados emergentes e até mesmo em comparação com os mercados desenvolvidos”, afirma o Financial Times.
O jornal, inclusive, chega a sugerir que o governo não se apóie no entusiasmo internacional. “Os consumidores brasileiros podem até ter seu poder de compra esfriado artificialmente, mas o setor industrial do país precisa justamente do oposto, se o sucesso do Brasil é para ser sustentado”, conclui.