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Fim da polarização PT-PSDB marcará ano, diz cientista

Anúncio da chapa do PSB deve alavancar candidatura de Campos e acender o sinal amarelo para o candidato do PSDB, o senador Aécio Neves, diz professor da FGV


	A presidente Dilma Rousseff (PT): na avaliação do professor, mesmo num cenário atípico, continua o favoritismo da presidente Dilma, que tenta a reeleição
 (Getty Images)

A presidente Dilma Rousseff (PT): na avaliação do professor, mesmo num cenário atípico, continua o favoritismo da presidente Dilma, que tenta a reeleição (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2014 às 14h50.

São Paulo - Neste ano de eleições gerais, onde está em jogo a corrida pelo mais alto cargo público do país, a Presidência da República, o cenário político já começa a se delinear de uma maneira atípica em comparação aos outros de eleições gerais, como os de 2006 e 2010.

A tradicional polarização PT e PSDB, por exemplo, deve ser quebrada com o anúncio, esperado para breve, da ex-senadora Marina Silva como vice na chapa encabeçada pelo governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos.

O anúncio deve alavancar a candidatura do socialista e acender o sinal amarelo para o candidato do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, seu provável adversário na disputa pelo segundo lugar no primeiro turno. A avaliação é do cientista político e professor de administração pública da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Marco Antonio Carvalho Teixeira.

Além disso, continua Carvalho Teixeira, uma das mais tradicionais bandeiras de campanha da oposição, a da moralidade, já foi explorada exaustivamente no julgamento do mensalão e mesmo que o tema continue em pauta neste ano eleitoral, o impacto não deverá ser tão forte porque os principais personagens do escândalo já estão atrás da grades e a própria oposição terá de lidar com temas como o chamado mensalão mineiro e o cartel de trens em São Paulo.

"Com isso, surge a necessidade de se criar uma nova agenda de debate, o que infelizmente não está ocorrendo. Seria bom que as discussões de campanha levassem em conta a criação de uma agenda, com propostas concretas para o desenvolvimento do País, mas isso infelizmente não está ocorrendo", reitera o professor.

Na sua avaliação, mesmo num cenário atípico, continua o favoritismo da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, a despeito da percepção negativa de alguns agentes econômicos.


"Só vamos ter uma noção exata do cenário econômico e os reflexos na campanha, sobretudo na da presidente Dilma, depois da Copa do Mundo de Futebol no país, que começa em junho", destaca Carvalho Teixeira, lembrando que a economia só reflete negativamente em um pleito se mexer na renda da população.

Segundo ele, se o governo garantir "dinheiro no bolso e comida na mesa" da população, sobretudo a mais pobre, é um indício de que isso poderá ser traduzido em voto nas urnas.

Fraqueza

A respeito do favoritismo da presidente Dilma na corrida presidencial, o cientista político afirma que isso é fruto mais da fraqueza de seus adversários do que pelos próprios méritos dela. Isso, segundo ele, está baseado na incapacidade de se apresentar projetos novos, de fazer melhor ou de avançar.

"O país precisa de uma agenda nova, de propostas concretas." Para Marco Antonio Carvalho Teixeira, a única novidade que até o momento permeia ainda esta campanha presidencial é o governador Eduardo Campos.

Ele reitera que a entrada de Marina Silva para dividir a chapa com Campos "pode ter um efeito devastador" não apenas na campanha presidencial, mas também nas locais. "Na campanha presidencial, o efeito será sentido mais pelo senador tucano Aécio Neves, pois com o favoritismo de Dilma, os dois deverão ter uma disputa acirrada para ver quem poderá levar a disputa ao segundo turno."

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