Filgueiras e Carolina, sua filha que cuida da parte de cosméticos do Grupo Emiliano. (DIvulgacão/Facebook/Divulgação)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 21 de janeiro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 21 de janeiro de 2017 às 11h21.
Brasília - A notícia da morte do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe aos holofotes a figura do dono do grupo Emiliano, Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, que também foi vítima do acidente de avião no litoral carioca na quinta-feira (19). Mas afinal, quem era o empresário? Qual era sua trajetória profissional? Qual era sua relação com o magistrado?
Marcos Mikulis, dono do Tian Restaurante, em São Paulo, descreve o empresário como um autodidata de sucesso. Mikulis trabalhou no grupo Emiliano entre 2005 e 2009. “Ele era exigente e perfeccionista. Tinha uma sensibilidade ímpar e uma capacidade de cativar as pessoas. Era capaz de conversar com gente de todas as classes sociais sem diferenciá-las”, afirma em entrevista a EXAME.com.
De origem simples, o empresário apostou suas primeiras fichas em uma madeireira - comprava madeira em Guarapuava e revendia em Ponta Grossa, no Paraná. Ele aprimorou sozinho sua habilidade em administrar os negócios.
Depois disso, teve uma empreiteira responsável por construir mais de 100 empreendimentos em São Paulo e no litoral paulista.
No final da década de 90, lançou o projeto do Hotel Emiliano, que foi inaugurado em 2011, na Rua Oscar Freire, um dos endereços mais requintados da capital paulista. A marca é considerada pioneira no Brasil no segmento de hotel-boutique.
“Focado em desenvolver negócios, foi autodidata em tudo. Sempre foi de conversar com gente simples e grandes ministros e empresários da mesma maneira. Esse era seu grande trunfo”, diz Mikulis.
A empresária Flora Gil, hóspede frequente do hotel, destaca a gentileza e o cuidado com que Filgueiras tratava seus hóspedes. “Ele era um empreendedor nato. Me parecia um homem que tinha muita vontade que as coisas dessem certo. Ele cuidava daquele hotel como se fosse a casa dele. Por isso, recebia de Gil a Gisele Bündchen”.
Flora conta que ela e o marido, Gilberto Gil, acompanharam de perto o “sonho” do empresário em abrir uma filial do Emiliano no Rio de Janeiro. Os planos saíram do papel em 2016, quando ele lançou parcialmente o hotel em Copacabana, na capital fluminense.
Detalhista, o empresário gostava de conhecer os clientes pessoalmente para poder surpreendê-los. “Por ter uma boa percepção, conseguia se antecipar e oferecer à clientela o que queriam sem que precisassem pedir”, diz Mikulis. Segundo ele, Filgueiras fazia questão de saber diariamente os hóspedes que chegariam no dia seguinte.
Divorciado, o empresário contava com três dos quatro filhos trabalhando no grupo Emiliano: Carlos Gustavo Filgueiras cuida dos negócios do hotel, Carlos Emiliano Filgueiras fica responsável pela parte jurídica do grupo e Carolina Filgueiras cuida da parte de cosméticos, novo braço da companhia. Apenas Carlos Augusto Filgueiras resolveu empreender como o pai e não trabalha no grupo.
Amizade com Teori
A amizade entre Filgueiras e Teori surgiu em um momento delicado da vida do magistrado: o ministro do STF se hospedava no Emiliano quando a mulher Maria Helena viajava a São Paula para tratar o câncer. Ela morreu em 2013. Eles continuaram amigos. Diziam a quem quisesse ouvir que o que os unia era a maneira simples de encarar a vida.
“Filgueiras tinha o costume de conversar com as pessoas que precisavam de um conforto. Foi dessa maneira que ele se aproximou de Teori. O talento de Filgueiras de entender as pessoas e ter empatia com elas fazia com que todos se sentissem à vontade para estar com ele”, diz Mikulis. “Ele tinha uma sensibilidade incomparável. O cara que vendia madeira no Paraná e sabia como Gisele Bündchen se sentiria bem. Era genial”.
Viajar a Paraty e Angra era um hábito
Sempre que sobrava um espaço na agenda, Filgueiras escapava para Paraty ou Angra dos Reis. De acordo com Mikulis, essa era uma viagem de rotina. “Ele levava pessoas para ficarem com ele frequentemente. Prezava muito pela privacidade e, por isso, gostava de ir para lá”.
Segundo Flora, o simpático Filgueiras os convidou em mais de uma oportunidade para irem a sua casa em Paraty. “A agenda nunca permitiu. Mas isso só evidencia a sua generosidade, hospitalidade e gentileza”, diz.
Assim como o amigo Teori, o empresário será enterrado neste sábado (21). O velório do empresário ocorrerá, às 15h30, no crematório municipal Doutor Jayme Augusto Lopes, na Vila Alpina, em São Paulo. Reservada para amigos e familiares, a cerimônia está marcada para 20h.