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Figueiredo, de negociador da Rio+20 a ministro

Embaixador foi designado como novo ministro das Relações Exteriores após queda de Antonio Patriota

Luiz Alberto Figueiredo Machado: carioca de 59 anos, embaixador está no serviço exterior desde 1980, e é advogado e diplomata de carreira (Marcello Casal Jr/ABr)

Luiz Alberto Figueiredo Machado: carioca de 59 anos, embaixador está no serviço exterior desde 1980, e é advogado e diplomata de carreira (Marcello Casal Jr/ABr)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 23h11.

Brasília - Luiz Alberto Figueiredo, designado nesta segunda-feira como novo ministro das Relações Exteriores após a queda de Antonio Patriota, foi o negociador do Brasil na Conferência Rio+20, um cargo que lhe valeu a confiança da presidente Dilma Rousseff.

Após a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que reuniu dezenas de chefes de Estado no Rio de Janeiro em junho do ano passado, Figueiredo foi designado por Dilma como representante do país na ONU, um cargo que agora será herdado justamente por Patriota.

Figueiredo, carioca de 59 anos, está no serviço exterior desde 1980, e é advogado e diplomata de carreira. Ocupou seu primeiro cargo fora país em 1986 e foi precisamente na missão do Brasil na ONU, na qual trabalhou como segundo secretário.

Em seguida, exerceu diversos postos nas embaixadas de Chile, Canadá, Estados Unidos e França, mas dedicou os últimos 20 anos aos assuntos ambientais, nos quais é considerado um especialista.

Desde a década de 1990, foi o porta-voz do Brasil para as questões de mudança climática em todos os foros globais.

Esse conhecimento e experiência levaram naturalmente a sua nomeação como negociador-chefe do Brasil na Rio+20, que foi o maior evento internacional organizado no país na última década.

Figueiredo assumirá agora a vaga deixada por Patriota, que deixou seu cargo pressionado pelo incidente gerado pela turbulenta fuga do senador boliviano Roger Pinto, que azedou as relações com a Bolívia.

Roger Pinto, um inflamado opositor do governo de Evo Morales, estava na embaixada brasileira em La Paz desde 28 de maio de 2012, alegava ser perseguido por seu ativismo e dez dias depois recebeu do Brasil o status de asilado político.


No entanto, La Paz nunca emitiu o salvo-conduto que necessitava para abandonar seu país, do qual saiu finalmente rumo ao Brasil no último final de semana, graças à cumplicidade de diplomatas e parlamentares brasileiros.

Essa cumplicidade, aparentemente, foi o que provocou a queda de Patriota, cujo escritório admitiu que não sabia que a fuga estava sendo tramada.

Esse será o primeiro grande desafio para Figueiredo, um "chanceler ecológico", mas que agora deverá lidar com um sério incidente político com um país vizinho, no qual o Brasil tem fortes interesses econômicos.

A primeira oportunidade que Figueiredo terá para começar a resolver a tensão com a Bolívia pode ser a Cúpula da União Sul-Americana de Nações (Unasul), que será realizada na próxima sexta-feira em Paramaribo e à qual devem comparecer Dilma e Morales.

Segundo disseram à Agência Efe fontes oficiais, "seguramente" o novo chanceler acompanhará Dilma em sua viagem ao Suriname.

Porém, Figueiredo também deverá estar atento a outra "frente de batalha" com os Estados Unidos, devidos às denúncias de espionagem feitas pelo ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), Edward Snowden.

Essas denúncias causaram um enorme mal-estar no Brasil e uma reação do governo, que pediu "explicações" à Casa Branca, onde Dilma será recebida em outubro por Barack Obama.

As repercussões das denúncias de Snowden também causaram problemas ainda não solucionados com o Reino Unido, após a retenção em Londres do brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista Glenn Greenwald, do jornal britânico "The Guardian", que vive no Rio de Janeiro e recebeu milhares de documentos de Snowden.

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