O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em visita ao Itaquerão: inauguração de Arena da Amazônia não é tão boa notícia assim, salienta em vídeo (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2014 às 17h36.
São Paulo – Era para ser um vídeo positivo – ou ao menos é assim que se convencionou encarar as gravações institucionais, que mostram sempre o melhor lado de quem decide pagar por elas – mas o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, teve dificuldades para manter a diplomacia comum a este tipo de material e o recheou de críticas ao Brasil.
Postado no YouTube da entidade ontem, o vídeo começa de forma previsível: música animada, imagens de Valcke chutando uma bola e, para coroar, uma pergunta feliz, daquelas com potencial para ser respondida no mesmo tom.
“Quão importante foi a boa notícia da inauguração do estádio em Manaus em relação aos preparativos da Copa do Mundo?”, é a indagação feita no material oficial.
Mas a resposta de Valcke dá um drible nas expectativas.
“A boa notícia teria sido, para ser muito honesto, ter os estádios (prontos) em dezembro de 2013, e não março de 2014”, é a primeira frase do secretário-geral.
Entre outras informações mais amenas, ele diz ainda que a inauguração é “boa notícia para lembrar aos outros três (estádios) que faltam que eles devem ficar prontos”.
Sobre as obras pendentes, Valcke demonstra especial preocupação com a ausência de pavimento ao redor do Beira-Rio, em Porto Alegre.
“Isso demora pelo menos de 2 a 3 meses (para ficar pronto), e estamos a três meses de distância da Copa”, afirma.
Assim, um vídeo que era para primar mais pela propaganda que pelo debate, vira espaço para alfinetadas à organização do evento.
No fim, ele rebate a acusação de que o Brasil não terá um legado com o mundial.
“O custo da Copa para a Fifa é de 1,3 bilhão de dólares. A Fifa não está pedindo nenhum suporte financeiro das autoridades brasileiras. O que for gasto pelas cidades vai ficar dentro do país, é infraestrutura, coisas que serão usadas pelo país e que não serão levadas pela Fifa quando sairmos, no dia 14 de julho”.
Conturbada
As trocas de farpas entre Fifa e Brasil têm sido constantes nos últimos meses. É comum que nomes da entidade, como o presidente Joseph Blatter, revelem preocupação à imprensa internacional, mas baixem o tom quando chegam por aqui.
Embora a veiculação de críticas em um material institucional cause algum estranhamento, as falas não são capazes de gerar nenhuma polêmica - como quando ele disse que o Brasil precisava de um "chute no traseiro", em 2012.
Já em relação aos atrasos, as autoridades brasileiras poderiam ter certa dificuldade para rebater o que disse o secretário-geral.
Atualizado às 18h30