Rio - A Fifa e a polícia do Rio entram em confronto aberto por conta do escândalo dos cambistas.
Neste sábado, a entidade criticou o comportamento dos policiais por revelar detalhes das operações contra cambistas à imprensa e diz que o nome da pessoa que as autoridades estão buscando não trabalha para a entidade e é, na verdade, um cambista que já está preso e que atuava dentro do Copacabana Palace.
Mas, à reportagem, a polícia negou a versão da Fifa e diz que a pessoa que estão buscando sequer é conhecida ainda da entidade.
Neste sábado, a Fifa ainda descartou punir Julio Grondona, vice-presidente da Fifa, depois da revelação de que um de seus ingressos foi pego com cambistas.
Na terça-feira, a polícia revelou que prendeu onze cambistas em uma megaoperação e que mostrava a ligação dessas pessoas com funcionários da Fifa. Se não bastasse, um ingresso em nome de Grondona acabou aparecendo nas mãos de cambistas.
A irritação da Fifa com a polícia é escancarada. Segundo Thierry Weil, diretor de marketing da Fifa, a polícia entregou para ele apenas uma parte das informações do processo da operação, enquanto vaza pela imprensa detalhes do caso que sequer os cartolas conhecem.
A polícia busca uma pessoa que estaria trabalhando dentro da entidade e que era o contato da quadrilha. Mas as autoridades têm resistido em dar o nome do suspeito, justamente para poder desvendar o esquema.
Pressionado pela imprensa a dar explicações, Weil não poupou as autoridades e decidiu que revelaria ele mesmo o nome da pessoa que a polícia está buscando. "Ele se chama Roger", disse o diretor da Fifa. Mas ele rejeitou a tese de que a pessoa seja funcionário da entidade. Para a entidade, essa pessoa já foi presa pela própria polícia e era um cambista que também atuava dentro do Copacabana Palace, onde a Fifa mantém seus escritórios.
"Acho que a polícia não se fala entre si", ironizou Weil. "Eles estão buscando alguém que já está preso", disse. "Há uma discrepância entre o que diz para a imprensa e para nós", declarou. "Se a polícia fala sobre uma investigação que está sendo feita, não sei se é a forma mais correta. Na Europa isso não ocorre", atacou Weil, que garante que, até agora, ninguém de dentro da Fifa foi procurada pela polícia.
A reportagem apurou que o nome dado por Weil para a imprensa sequer é a identidade real da pessoa que a polícia está procurando. As autoridades estão mantendo o nome em sigilo justamente para evitar que o suspeito deixe o Brasil ou tenha qualquer tipo de colaboração com a Fifa para escapar.
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1. Correndo por fora
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1/12 (Getty Images)
São Paulo - De um lado,
marcas que pagam dezenas ou centenas de milhões de reais para patrocinar grandes torneios esportivos. Do outro, empresas que tentam chamar atenção desenbolsando bem menos que as
patrocinadoras oficiais. O chamado marketing de emboscada é uma prática comum em competições. Entre 2010 e 2014, a FIFA já notificou 450 casos brasileiros de emboscada relacionados a
Copa do Mundo 2014. Segundo informações da organização à EXAME.com, algumas empresa infratoras foram punidas com multas, mas a FIFA não revela os valores ou a natureza dos casos. Às vésperas da Copa, o número só deve aumentar. Confira casos famosos de empresas que tentaram correr por fora na briga por visibilidade.
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2. Loiras da Bavaria
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2/12 (Kevork Djansezian/Getty Images)
Vinte e seis loiras, jovens e chamativas moças roubaram todos os flashes e closes das TVs durante um jogo da Holanda na Copa de 2010, na África do Sul. Vestidas com a cor do país, as modelos portavam bandeirolas com o logotipo da marca Bavaria, uma pequena cervejaria holandesa. Detalhe: a patrocinadora oficial do evento era a Budweiser, e a ação foi reprimida por seguranças da Fifa, que retiraram as mulheres do estádio.
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3. Nike na África do Sul
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3/12 (Getty Images/Dominic Bernardt)
Como roubar atenção da Adidas, patrocinadora da Copa da África do Sul em 2010? Se você é a Nike, pode estampar sua marca num painel de 44 metros em cima do prédio mais alto da capital Johannesburgo, aceso das 18 horas às 6 da manhã. O letreiro trazia imagens de jogadores como o português Cristiano Ronaldo e Wayne Rooney, além da frase "Escreva o futuro". Tornou-se um dos locais mais fotografados do torneio.
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4. Cueca intrusa
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4/12 (Alex Livesey / Getty Images)
Durante a Eurocopa, em 2012, ficou famoso o caso do atleta dinamarquês Nicklas Bendtner, que foi punido pela UEFA por ter comemorado um gol contra Portugal exibindo uma cueca com propaganda do site de apostas Paddy Power. A "ideia brilhante" do jogador não demorou a ganhar punição: uma multa de 80 mil libras.
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5. Tênis de ouro
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5/12 (Getty Images/Mike Powell)
As Olimpíadas de 1996 foram memoráveis para a Nike. O velocista americano Michael Johnson quebrou um recorde mundial cruzando a linha de chegada com um belo par de Nikes dourados. Mais tarde, ele foi capa da revista Time com os tênis envoltos no pescoço, junto com suas duas medalhas de ouro. Uma visibilidade e tanto, para a tristeza da Reebok, que pagou 20 milhões de dólares para ser patrocinadora oficial dos Jogos.
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6. Comemoração nº. 1
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6/12 (Getty Images)
O inocente ato de comemorar um gol com o dedo indicador erguido, tão comum entre jogadores da seleção brasileira, ganhou a fama de não ter sido assim tão espontâneo. Quando surgiu em 1994, o jogador Romário era garoto-propaganda da campanha “Número 1” da marca de cervejas Brahma. O gesto acabou entrando no repertório de outras Copas, como mostra a foto de Ronaldo em 2002.
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7. Invasão das camisinhas
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7/12 (Reprodução)
As redes sociais denunciaram a chegada de camisinhas intrusas na Vila Olímpica dos Jogos de Londres, em 2012. Fotografias de atletas mostraram a distribuição de "camisinhas Kangaroo" no local. Um problemão para a Durex, patrocinadora oficial das Olimpíadas. A marca pagou milhões para patrocinar o evento e distribuiu 150 mil preservativos gratuitamente (e com exclusividade) para os 10.800 atletas que participaram da edição.
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8. Você-sabe-o-quê
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8/12 (Divulgação/Kulula/Montagem)
Com orçamento baixo e uma certa cara-de-pau, a companhia aérea Kulula ficou famosa com uma série de anúncios impressos durante a Copa de 2010, na África. A empresa nomeou-se Transportadora Nacional Não-Oficial de Você-Sabe-o-Quê, e afirmou que havia "muito mais motivos empolgantes para viajar pelo nosso país além daquele que não ousamos mencionar". O resultado foi uma reprimenda a Fifa pela associação não-autorizada.
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9. O brinde mais disputado
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9/12 (Simon Burchell/Getty Images)
A Beats, fabricante de fones de ouvido modernos e descolados, cortou caminho para chegar à cabeça dos atletas em pódios e instalações das Olimpíadas de 2012, em Londres. A empresa do rapper americano Dr. Dre distribuiu aparelhos de graça aos competidores, e logo tornou-se o brinde mais cobiçado do evento. Antes que o Comitê Olimpíco interferisse, a marca decidiu fechar o ponto de distribuição dos fones no centro de Londres.
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10. American Express x Visa
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10/12 (Scott Eells/Bloomberg)
Ns Olimpíadas de 1992 a Espanha, a American Express comprou um tempo substancial na TV para exibir comerciais com cenas da cidade-sede de Barcelona e o slogan “'And remember, to visit Spain, you don't need a visa”. A frase ambígua carregava trocadilho com a palavra visto (visa em inglês) e não passou em branco para a rival Visa, patrocinadora dos Jogos. O Comitê Olímpico ameaçou processar a American, mas acabou voltando atrás.
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11. Stella e tênis
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11/12 (Divulgação)
A Heineken era a cerveja patrocinadora oficial do torneio de tênis U.S. Open de 2011. Isso não impediu a Stella Artois de instalar uma série de outdoors com temas fortemente associados ao esporte nas proximidades dos estádios que receberam os jogos. A iniciativa irritou a organização do campeonato, que pediu a retirada das peças publicitárias.
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12. Aproveite e veja também: os 10 maiores duelos publicitários da Copa de 2014
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12/12 (Rich Schultz/Stringer/Getty Images)
Grondona
A Fifa ainda reagiu negando qualquer envolvimento de Grondona com grupos de cambistas. Um ingresso para a partida Argentina x Suíça foi identificado no mercado ilegal, o que seria um crime.
Mas a Fifa fez questão de abafar o caso. Primeiro, Weil declarou aos jornalistas que a família Grondona seria questionada pela notícia. Logo depois, admitiu que eles já haviam conversado com o vice-presidente. Mas não sabia dizer o que foi a resposta. "Questionamos ele", admitiu. "Perguntamos a ele o que ocorreu", declarou.
A entidade, ao contrários das evidências, preferiu apenas acreditar nas palavras da família de que o ingresso havia sido "dado" a amigos. "Se ele disse que deu a alguém, você precisa acreditar nisso", disse. Mas, a uma rede de televisão na Argentina, o filho de Grondona admitiu que havia revendido a entrada.
Segundo Weil, o ingresso de Grondona não faz parte da operação do Rio. O jornal "O Estado de S. Paulo", em sua edição de sexta-feira, havia feito essa revelação.
A Fifa, porém, insiste que vai abrir ações legais contra as empresas que compraram pacotes de camarotes da Match, a única empresa com direitos de vender os ingressos VIP. Na operação, companhias que foram identificadas como parte do esquema compravam o pacotes e depois revendiam com preços bem superiores.
"Vamos tomar ações legais contra essas empresas", declarou Weil. Segundo ele, entre as empresas está a Reliance, com 58 pacotes, a Jetset, da Rússia, e a Atlanta, de Dubai, companhia do cambista Lamine Fofana.
Segundo ele, os ingressos apresentados pela polícia para a Fifa somam 141, dos quais dez são para jogos de 2010 e 2013. Sessenta deles ainda foram comprados pelo sistema de internet. "Não havia nenhum de ingressos de cartolas", garantiu.
Dos 131 ingressos para a atual Copa, 129 são para jogos que já ocorreram. Setenta e um ingressos eram de camarotes, um deles era da CBF.