Arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer celebra missa na Igreja de Sant'Andrea, em Roma (REUTERS/Tony Gentile)
Da Redação
Publicado em 31 de dezembro de 2013 às 14h18.
São Paulo - Um grupo de fiéis de quatro paróquias da Região Episcopal Ipiranga protesta contra a transferência de seus párocos feita pelo cardeal-arcebispo d. Odilo Scherer e promete recorrer ao papa Francisco, se a decisão, anunciada no começo de dezembro, não for revogada. De oito paróquias atingidas, três acataram a medida sem discussão e uma já empossou o novo pároco.
O protesto tem o apoio do Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo (Clasp), cujo presidente, Édson Silva, afirma que d.Odilo foi intransigente e se recusa a discutir a questão. Além de recolher assinaturas nas igrejas, a mobilização contra a transferência chegou àInternet pelas redes sociais com o blog Movimento Quero o Meu Pároco, que já registrava mais de mil visualizações e 212 adesões, ontem à tarde.
Dezenas de católicos se manifestam com elogios e críticas ao protesto. O porta-voz do arcebispo, cônego Antônio Aparecido Pereira, ou padre Cido, que dirige há seis anos uma paróquia na Região Episcopal Norte, disse que "alguma insatisfação é até salutar, pois traduz o apreço da comunidade pelo pároco, mas não se justifica um movimento, como esse, contra transferências de rotina".
"Substituições ocorrem em todas as dioceses ou em regiões episcopais e são feitas com cuidado,de acordo com as normas do Direito Canônico", observou padre Cido. Segundo ele, d. Odilo poderia ouvir os argumentos dos descontentes e só não faz isso porque está fora do País, em férias na Europa. Mesmo quando as transferências são determinadas pelas bispos auxiliares, o arcebispo examina cada caso, para aprovar ou não. Na Região Ipiranga, cujo bispo, d. Tomé Ferreira da Silva, foi removido para São José do Rio Preto, o vigário episcopal interino é o padre Anísio Hilário.
Em reunião, na manhã de sábado, com representantes das quatro paróquias descontentes - Santa Rita de Cássia, Santo Afonso Maria de Ligório, Nossa Senhora do Sion e Imaculada Conceição - padre Anísio insistiu, segundo nota da assessoria de comunicação da Arquidiocese, que o rodízio entre os párocos é processo corriqueiro e pediu que os envolvidos recebam os padres designados e que deem continuidade aos trabalhos das comunidades com tranquilidade. Além disso, o vigário episcopal informou que o discernimento para o processo das transferências foi conduzido por ele, em comunhão com o Conselho de Presbíteros da Região Ipiranga e com o cardeal d. Odilo.
Nenhum dos párocos transferidos quis falar sobre o movimento dos leigos que criticam d. Odilo, atribuindo ao cardeal a intenção de afastar das paróquias aqueles que, supostamente, divergem de sua orientação.
Depois de ouvir um padre amigo, que lhe relatou a existência de problemas locais capazes de justificar algumas transferências, o presidente do Clasp comentou que, por essa razão, seria bom que o arcebispo conversasse com a comunidade. "Enquanto isso não ocorrer, nosso movimento vai continuar", disse Edson Silva. Pelas normas do Código de Direito Canônico, "é necessário que o pároco tenha estabilidade e, portanto, seja nomeado por tempo indeterminado" (Cân, 522). Se o bispo tiver de transferir o pároco para outra paróquia ou para outro ofício, a proposta de transferência deve ser feita por escrito. O pároco também deve responder por escrito, se não aceitar a decisão do bispo.