FHC: ex-presidente apoia programa de bônus para quem economizar água no período de crise (./Divulgação)
Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2014 às 15h38.
São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) evitou nesta terça-feira, 05, fazer críticas ao governo do estado de São Paulo, comandado há 20 anos por seu partido, em relação aos problemas de abastecimento de água causado pela estiagem.
Ele disse que o estado enfrenta uma "seca enorme", falou sobre a imprevisibilidade das condições climáticas e da perspectiva de que a chegada da temporada de chuvas equilibre a situação.
"O governo calcula que (o Sistema Cantareira) terá água para abastecer metade da cidade de São Paulo - a outra metade são outras fontes - até março do ano que vem. Aposta-se que vai chover, mas aposta-se. Não se sabe se vai chover ou não vai chover", comentou o ex-presidente durante palestra sobre desenvolvimento sustentável em evento da Greenbuilding Brasil, uma ONG que visa fomentar a construção de edifícios ecologicamente sustentáveis.
O ex-presidente ressaltou que a água é um bem "relativamente escasso" e que "não depende de nós, depende de chover".
Sem fazer comentários sobre a forma como o governador Geraldo Alckmin lida com a crise hídrica no estado, FHC argumentou que a decisão de não decretar racionamento tem respaldo de técnicos.
Ele afirmou, no entanto, que há necessidade de se pensar em investimentos de médio prazo e em processos de reutilização da água.
"Aqui (em São Paulo), o que precisa é fazer mais, mas foi feito muita coisa. É que no futuro vai ter de interligar mais as bacias, tem de olhar para o longo prazo. Mas isso não é uma coisa que se faça do dia para a noite, precisa de mais planejamento. O que se pode fazer, e imagino que o governo já esteja fazendo, é pensar no reúso da água."
O ex-presidente apoia o programa de bônus do governo do estado para quem economizar água no período de crise e lembrou dos tempos de racionamento de energia durante seu governo quando, segundo ele, "parou de chover de repente".
FHC disse que o racionamento e o incentivo à economia evitaram o blecaute no início da década passada, assim como São Paulo evita no momento o "racionamento imposto".
"Nós custamos a entender que boa parte dos problemas não diz respeito a fazer novas construções, mas a poupar o que já existe."