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FHC diz que PSDB é diferente do PT em questões éticas

Para o ex-presidente, petistas se equivocam também quando afirmam que 30 milhões de pessoas passaram para a classe média em seu governo


	"O nosso PIB é um PIB pigmeu", afirmou Fernando Henrique Cardoso
 (Renato Araujo/Agência Brasil)

"O nosso PIB é um PIB pigmeu", afirmou Fernando Henrique Cardoso (Renato Araujo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2012 às 15h48.

Brasília - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira (3) num encontro em Brasília dos prefeitos tucanos eleitos que o PSDB é muito diferente do PT nas questões morais e éticas. Segundo ele, os petistas que estão sendo condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles o ex-ministro José Dirceu, alegam de forma errada que estavam cumprindo uma missão. "Estão sendo condenados por crimes que cometeram. Ninguém está sendo condenado pelo passado. Na cabeça deles, podem estar cumprindo uma missão. Na nossa, não. Nós somos diferentes do PT".

Aproveitando-se do escândalo descoberto pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro, em que uma quadrilha vendia pareceres técnicos a empresas, Fernando Henrique acusou o governo do PT de ter aparelhado as agências reguladoras. "As agências estão carcomidas. Foram divididas entre os partidos. E a transposição do Rio São Francisco?. Um descalabro. E os estaleiros? E as plataformas? Esse voluntarismo está ligado a uma política errada, de que o Estado faz o que quer. Aumentaram os impostos. Agora, 36% do PIB. E estão transformando os recursos em gastos correntes. O nosso PIB é um PIB pigmeu. O que falta é competência."

Fernando Henrique disse ainda que o governo atual se equivoca quando diz que levou cerca de 30 milhões de pessoas para a classe média. "Eu estudei os documentos feitos pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Houve efetivamente uma modificação grande no fluxo de renda. Mas uma coisa é renda e outra é classe social. Por enquanto, segmentos em formação passam de um momento de escassez para o consumo."

Segundo ele, o responsável por essas mudanças foi o PSDB. "Nós modernizamos o Brasil, integramos o País na economia global. Foi o PSDB que fez. Mas tudo o que se fez é muito pouco, inclusive o que nós fizemos. Quando fui presidente foi possível dar acesso à escola a todas as pessoas. É muito bom, mas é muito pouco, porque estão na escola por três horas, enquanto na Europa, Coreia, são sete horas. Não temos uma educação à altura. Falta capacidade de mudar."

O ex-presidente disse também que foi o PSDB que criou o Sistema Único de Saúde (SUS). "Esse sistema começou a ser montado quando o ministro Jatene estava no governo, no anterior (Itamar Franco) e no meu. Mas o povo não está satisfeito. Então, é preciso ouvir o povo, saber o que ele quer da saúde, educação, segurança". Segundo ele, hoje o governo não tem visão estratégica. Para Fernando Henrique, um dos grandes exemplos foi o anúncio de mudanças nos contratos e no modelo de energia elétrica. As ações das empresas de energia caíram 30%, 40%".

Fernando Henrique disse também que durante seu governo a Petrobras funcionou. E que Dilma Rousseff estatizou o risco com as mudanças que propôs na legislação de petróleo. "Transformamos a Petrobras numa empresa de porte mundial. Hoje a Petrobras é menor do que no nosso tempo. Aí, veio o pré-sal - que, na verdade, começou em 2002 - e resolveram mudar o modelo. Mas o Congresso só discutiu os royalties e não o modelo. Não sabemos ainda qual é o modelo. O que sei é se descobrirem alguma coisa, dividem. Se não descobrirem nada, o governo paga. Estatizaram o risco. Criaram uma nova empresa e forçaram a Petrobras a entrar em tudo, estão transferindo riquezas nossas para a Petrobras. Os mercados perceberam que a Petrobras vai mal e a empresa perdeu mais de 100 bilhões de dólares. É a única empresa de petróleo do mundo que está dando prejuízo. E ainda desorganizaram a fonte energética do álcool. Pararam de produzir álcool." O ex-presidente disse que agora fazem tudo errado quando tentam privatizar estradas, portos e aeroportos. "Estamos com fortes gargalos em todo o setor de infraestrutura".

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