Fernando Henrique Cardoso: "O governo sempre tem força, agora usa meios que o desgasta. (Por exemplo) Retirar assinatura, é um meio violento, quem vai retirar perde" (REUTERS/Paulo Whitaker)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2014 às 15h58.
São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou nesta sexta-feira, 28, a intenção de parlamentares governistas de incluir as investigações do caso Alstom numa possível CPI da Petrobras.
O tucano classificou a estratégia como "puramente eleitoreira". "Neste momento, o importante para o país é esclarecer o mau manejo da Petrobras, como é que a tal ponto", disse o ex-presidente.
FHC disse que a proposta da CPI é de investigar a questão da Petrobras e afirmou que ela não é contra o governo Dilma.
"A CPI não pode se transformar em palco político, tem que ser realmente para investigar o que aconteceu na Petrobras porque é sério, está pondo em risco a maior empresa do Brasil, a credibilidade dela", afirmou, reforçando que é contra a investigação de outros temas nesta comissão.
"A CPI tem que ter um fato determinado. O fato determinado está posto lá e é o caso da Petrobrás. Se houve corrupção (no caso Alstom), e pode ter havido, tem que punir quem foi corrupto. Mas não houve até agora nenhuma ligação entre eventuais corrompidos e corruptores com o governo."
Questionado sobre se ele acreditava que o governo levaria em frente a ameaça de convocar tucanos, FHC não questionou a força do governo, mas afirmou que uma ação assim tem custos.
"O governo sempre tem força, agora usa meios que o desgasta. (Por exemplo) Retirar assinatura, é um meio violento, quem vai retirar perde", disse FHC após mediar um debate sobre os 50 anos do Golpe Militar no instituto que leva seu nome, em São Paulo.
O ex-presidente se mostrou otimista sobre a criação da comissão e disse torcer para que ela chegue a resultados "palpáveis".
"Eu acredito que (a CPI) vá acontecer e eu espero que a CPI chegue a resultados palpáveis que nos permitam dizer: 'olha, errou aqui, ali, acolá e vamos corrigir'. Porque a Pertobras é importante demais para ser joguete de interesse político".