Dilma: petista foi para o ataque contra o governo Fernando Henrique Cardoso (Ichiro Guerra/Dilma 13)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2014 às 16h36.
Brasília - A polarização entre PT e PSDB esteve forte no discurso da presidente Dilma Rousseff em ato da sua campanha de reeleição com trabalhadores rurais, em Brasília. A petista foi para o ataque contra o governo Fernando Henrique Cardoso, afirmando que o tucano deixou obras inacabadas e "cheias de problemas" ao sair Palácio do Planalto.
"O Brasil nunca investiu tanto (em infraestrutura e mobilidade urbana). Aliás, quando investiu, deixou paralisado uma quantidade imensa de obras na época do FHC. Uma imensa quantidade de obras e, além disso, obras cheias de problemas", criticou.
Dilma disse que existe uma campanha de "mentiras, desinformação e até informações incorretas" usada por seus oponentes para negar ações de seu governo.
A candidata à reeleição rebateu essa campanha apresentando números de projetos em mobilidade tocadas pelo governo federal nos estados, especialmente metrô e corredores para ônibus (BRT).
"Hoje nós estamos fazendo processo de investimento em nove cidades, porque é impossível esse país, quando tem essa concentração de população em área urbana, não investir em metrô. É impossível", disse.
Segundo ela, o governo investe R$ 143 bilhões em metrô em parceria com os Executivos estaduais.
"O governo federal entra com a maior parte dos recursos, mas colocam dinheiro governos dos Estados, municípios, iniciativa privada. São nove metrôs feitos do Norte ao Sul do Brasil", relatou.
Ataques
Em meio à pressão de aliados para aumentar os ataques à candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, a presidente disse também que a ambientalista faz uma "distinção complicada e simplista" ao propor governar com os "bons e melhores".
Com o crescimento das intenções de voto de Marina, mostrando um distanciamento cada vez maior da ex-ministra do Meio Ambiente em relação ao candidato tucano, Aécio Neves, Dilma está sendo obrigada a reformular sua estratégia, passando a mirar mais Marina e questionar a experiência administrativa da rival.
"Essa distinção entre bons e maus é uma distinção muito complicada e simplista. Os bons são aqueles que têm compromisso. Para mim, os bons neste país são aqueles que têm compromisso com a distribuição de renda e a inclusão social", disse Dilma, em conversa com jornalistas após participar de evento com trabalhadores rurais em Brasília.
"Para mim, o conceito de 'bons' tem ligação com o compromisso. Todas as pessoas podem ser boas ou más, mas as boas pessoas podem não ter compromisso. A pessoa é muito boa, mas o compromisso dela é com outra coisa. Ela tem compromisso com o crescimento de 3% da população. Eu prefiro o bom com compromisso com a maioria da população brasileira", afirmou a petista.
Na avaliação de Dilma, se o Brasil passou de um país que tinha mais da metade da população pobre ou miserável para uma situação em que 73% estão na classe média e acima, isso ocorreu porque "os bons, que são aqueles que têm compromisso com o povo brasileiro, fizeram isso numa ampla parceria".
Aferição
Antes, em discurso no evento da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (Contag), Dilma reconheceu que tem "muito o que fazer", mas ressaltou que "só aqueles que fizeram sabem o que falta fazer".
"Nós sabemos o que falta fazer. E sabemos onde temos de fazer. E ainda sabemos com quem fazer, que parceria fazer, porque essa história de que você acha os bons e melhores sem aferição não está certa, não", comentou, em mais um recado à candidata do PSB.
"Como é que vou fazer uma política de agricultura familiar com quem não defende a agricultura familiar? A pessoa pode ser ótima, pode ser uma boa pessoa, mas se ela não tem nenhum compromisso com a agricultura familiar, ela não fará. Não é uma questão de a pessoa ser boa ou ser ruim. É uma questão de compromisso. É melhor ter pessoas boas compromissadas, do que pessoas boas e sem compromisso", prosseguiu Dilma.
Pesquisa Ibope/Estadão/Rede Globo divulgada nesta semana mostra Dilma com 34% das intenções de voto no primeiro turno, seguida por Marina, com 29%, e Aécio, com 19%.
Num eventual segundo turno entre as candidatas do PT e do PSB, Marina derrotaria Dilma: 45% a 36%. A margem de erro máxima do levantamento é de 2 pontos porcentuais.