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Indústria deve repetir resultado negativo no 2º tri, diz FGV

Um dos indicadores analisados, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), diminuiu 0,3 ponto porcentual em abril, para 84,1%


	Indústria: se acordo com superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, produção da indústria deve ter tido um desempenho fraco no primeiro trimestre
 (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Indústria: se acordo com superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, produção da indústria deve ter tido um desempenho fraco no primeiro trimestre (Andrey Rudakov/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2014 às 15h44.

São Paulo - As perspectivas para a indústria brasileira nos próximos trimestres são desfavoráveis, conforme sinalizam dados da Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Um dos indicadores analisados, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), diminuiu 0,3 ponto porcentual em abril, para 84,1%.

Trata-se da segunda queda consecutiva, indicando que a produção física da indústria poderá ficar no campo negativo em abril. Além disso, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 96,2% em março para 95,6% este mês.

A avaliação foi feita na tarde desta quarta-feira, 30, pelo superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo.

De acordo com o economista, a produção da indústria também deve ter tido um desempenho fraco no primeiro trimestre, com expansão entre 0,3% e 0,7%.

"Após ter recuado dois trimestres, deve voltar a crescer, até mesmo pelo carregamento estatístico. E, somando-se aos resultados da sondagem, a indústria pode voltar a ter um resultado negativo no segundo trimestre", estimou.

Segundo Campelo, não só os fundamentos estão por trás da sensação de piora nas avaliações dos empresários em relação ao futuro, que recuaram 2,0% (para 93,9 pontos) em abril, mas também fatores psicológicos.

"É como se o Brasil tivesse passado por uma fase de otimismo muito grande até o final de 2010 e o começo de 2011 e depois as expectativas passaram a cair mais do que o nível de atividade", avaliou.

A despeito do avanço de 0,7% no Índice da Situação Atual (ISA), para 97,3 pontos, impulsionado pela melhora no nível dos estoques, Campelo afirma que os dados não apontam para reversão da indústria à frente.

De acordo com a FGV, houve redução da proporção de empresas que se consideram com estoques excessivos, de 9,4% para 8,4%.

Campelo lembra que os dados de dezembro e janeiro indicavam que a variável de estoques estava caminhando para a "normalidade", mas depois piorou. "Novamente agora volta a dar indícios de melhora.

Ainda que os estoques tenham melhorado, a percepção em relação à demanda continua muita fraca.

Tanto que o indicador de percepção, que depende de outros fatores como lucratividade, está muito baixo e caindo na margem. Não foi suficiente para gerar expectativas melhores para o futuro", avaliou.

Além da percepção das empresas de que a demanda interna está enfraquecida, a sondagem mostra que os empresários também enxergam um cenário desfavorável em relação à economia internacional. Segundo o economista da FGV, as empresas estão cientes que a demanda está fraca e que há piora de países que são parceiros do Brasil.

Ele citou como exemplo as expectativas de crescimento menor da economia chinesa em 2014 na comparação com 2013 e as dificuldades pelas quais passam a Argentina e a Venezuela, que tendem a travar as relações de troca com o país, apesar da apreciação cambial recente.

"A demanda doméstica vem sendo influenciada pelo ciclo de aperto monetário. A externa está sendo negativamente afetada pelo desempenho dessas economias. Voltamos a observar desequilíbrio entre oferta e demanda", afirmou.

A despeito da inflação elevada, Campelo ressaltou que os empresários do setor de bens não duráveis, em especial os de alimentos, demonstram maior empolgação com a economia.

"Há um movimento de melhora na percepção do setor. Pode ser troca de consumo de bens duráveis por não duráveis", disse.

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