A economia informal responde por 18,6% do PIB brasileiro, segundo a FGV (Rogério Voltan/Veja)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2010 às 14h00.
Depois de cinco anos consecutivos (entre 2003 e 2008) crescendo menos que o Produto Interno Bruto (PIB), a economia subterrânea - negócios decorrentes de empreendimentos informais não informados aos governos - passa a crescer este ano na mesma velocidade que a economia formal do País, segundo o Índice de Economia Subterrânea.
Com a revisão de 2009 e atualização para 2010, o indicador foi divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). O total movimentado pela economia subterrânea ultrapassa agora R$ 650 bilhões em 2010.
De acordo com a pesquisa, a curva da relação do índice com o PIB parou de cair, mostrando uma tendência de estabilização na casa dos 18,6%. "Isso significa que, nos últimos três anos, a economia subterrânea cresce na mesma proporção que o PIB brasileiro, o que é preocupante para a economia do País", diz o comunicado. O índice leva em conta uma previsão de crescimento de 7,5% do PIB este ano e inflação de 5% em 2010.
"A divulgação de valores absolutos é fundamental para que não se tenha a visão equivocada de que a estabilização em relação ao PIB é positiva. A exemplo de 2009, este ano mais R$ 656 bilhões devem ficar à margem da economia formal brasileira", diz Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo estudo. Em julho deste ano, o Ibre/FGV e o ETCO divulgaram que os valores estimados em reais, em 2009, atingiram R$ 578 bilhões, equivalente ao PIB da Argentina.
Na avaliação do presidente executivo do ETCO, André Franco Montoro Filho, o crescimento da economia tem um duplo e antagônico efeito sobre a informalidade. "De um lado o crescimento gera uma modernização institucional que estimula a formalização das atividades econômicas, mas de outro o crescimento da renda aumenta o consumo de bens e serviços, inclusive os produzidos na economia subterrânea". "Os resultados divulgados indicam que o segundo efeito tem sido predominante nos últimos anos", acrescentou Montoro Filho.