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Fernando Grella promete enfrentar o crime dentro da lei

Ex-procurador-geral de Justiça, Grella assume no lugar de Antonio Ferreira Pinto, demitido na segunda-feira em meio à guerra não declarada entre PM e PCC

Fernando Grella Vieira: "Haverá enfrentamento dentro da lei e do respeito aos preceitos constitucionais", disse o novo secretário de Segurança (Divulgação/MP-SP)

Fernando Grella Vieira: "Haverá enfrentamento dentro da lei e do respeito aos preceitos constitucionais", disse o novo secretário de Segurança (Divulgação/MP-SP)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2013 às 13h49.

São Paulo - O novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, afirmou na quarta-feira (21) que não vai ceder um milímetro no combate ao crime organizado.

"Haverá enfrentamento dentro da lei e do respeito aos preceitos constitucionais", disse ao Estado, acrescentando que "não vai haver ruptura" em relação à atual política de segurança. "Vamos fazer aprimoramentos."

Ex-procurador-geral de Justiça, Grella assume no lugar do também procurador Antonio Ferreira Pinto, demitido na segunda-feira (19) em meio à guerra não declarada entre Polícia Militar e Primeiro Comando da Capital (PCC) que já matou 93 policiais e fez os homicídios subirem 92,3% na capital (de 78 casos para 150) em outubro, em comparação a 2011 - o governo antecipou em quatro dias a divulgação dos números de violência no Estado para evitar desgaste do novo secretário.

A queda de Ferreira Pinto começou a se desenhar quando o PCC decidiu matar policiais militares para vingar a morte de seus integrantes em ações das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota).

As execuções começaram em junho. Há dois meses, o governador Geraldo Alckmin procurava um nome para substituir o homem que chefiava a pasta da Segurança desde 2009. Um de seus secretários, Saulo Abreu (Transportes) chegou a se reunir com policiais em busca de uma alternativa a Ferreira Pinto.


A presença constante da violência em São Paulo nos jornais deu ao governador a certeza de que deveria mudar. "Nós reconhecemos as dificuldades que estamos passando e vamos nos empenhar de forma redobrada nesse trabalho", afirmou Alckmin. Na quinta-feira passada (15), ele convidou Grella, que lhe pediu tempo para avaliar.

O ex-procurador-geral avaliou o quanto o cargo mudaria sua vida e respondeu a Alckmin na segunda-feira (19) No mesmo dia, o governador chamou Ferreira Pinto para dizer que precisava do cargo. Ferreira sentiu o impacto. Tinha confiança de que não sairia. Ficou acertado que pediria demissão na quarta-feira (21) - Alckmin anunciou a mudança às 11 horas.

Desafio

Grella toma posse nesta quinta-feira. Ele vai se reunir com as chefias das Polícias Civil e Militar e ouvir Ferreira Pinto. "Vou me inteirar dos dados. O desafio será enorme. A segurança pública é complexa. Vou abrir a pasta à sociedade, ouvir todos os segmentos. Sei que o trabalho será duro e o momento é sério." De fato, na noite de terça-feira (20), mais dez pessoas foram mortas na Grande São Paulo - sete com indícios de execução e duas em supostos tiroteios com a PM. A sucessão de fatos ameaça não dar trégua ao novo chefe da segurança. 

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