Avião decolando no aeroporto Santos Dumont: turistas devem ver uma onda de novos voos abertos, e um pouco de trégua na alta dos preços (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 15h21.
São Paulo/Brasília - Fãs de futebol desanimados com a alta nos preços de passagens aéreas no Brasil durante a Copa do Mundo deste ano serão espertos se pouparem os nervos um pouco mais. O alívio pode estar a caminho.
Na próxima semana a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deve autorizar cerca de 1.500 novos voos domésticos, ampliando as opções de viagens entre as cidades que sediarão os jogos entre junho e julho. Turistas devem ver uma onda de novos voos abertos, e um pouco de trégua na alta dos preços.
A indústria doméstica de aviação do país, a terceira maior do mundo, tem estado sob pressão como uma das potenciais causadoras de constrangimentos no torneio.
Os preços dispararam conforme a demanda sobrecarregou as rotas domésticas desde que a Fifa determinou em dezembro onde as 32 equipes farão sua primeira rodada de jogos.
Fãs da vizinha Argentina que tentavam seguir a estreia de sua seleção no Rio de Janeiro (RJ) para o segundo jogo em Belo Horizonte (MG), por exemplo, viram os preços mais baratos dobrarem de valor.
Os voos extras pedidos pelas empresas aéreas devem pressionar ainda mais os aeroportos mais sobrecarregados do país. Em Cuiabá (MT), com meio milhão de habitantes, as rotas propostas devem impulsionar o tráfego aéreo em 48 por cento durante o campeonato.
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, já reconheceu nesta semana que a cidade pode precisar de um terminal de lona se a obra no aeroporto não for concluída em maio.
Caro por Natureza
Sob circunstâncias normais, voar no Brasil já é caro, e não apenas pelo tamanho do país. Não há empresas de baixo custo para reduzir os valores e as duas maiores empresas, Gol e TAM, da Latam Airlines, controlam cerca de 70 por cento do mercado.
Ambas reduziram a oferta de voos, o tamanho da frota e demitiram tripulantes nos dois últimos anos em uma tentativa de voltar à lucratividade, tendo sido prejudicadas pelo alto preço de combustíveis e pelo câmbio. A Copa do Mundo surgiu como uma chance para aumentar suas sofridas margens.
A terceira maior empresa aérea, Azul, anunciou nesta semana que adotará uma tarifa teto de 999 reais durante o evento, colocando pressão sobre as rivais. Mas aviões menores e acesso limitado aos principais aeroportos dificultam a habilidade da companhia de competir em muitas rotas.
Com poucos grandes centros que agregam voos no país, os passageiros também têm pouca opção, a não ser por meio de conexões nas duas maiores cidades --São Paulo (SP) e Rio--, elevando as horas de muitos itinerários.
Um fã que queira acompanhar os três primeiros jogos da Inglaterra provavelmente terá que passar por um aeroporto no Sudeste do país para chegar em Manaus (AM) e assistir à partida contra a Itália. O próximo jogo acontece em São Paulo, contra o Uruguai, seguido por uma partida em Belo Horizonte (MG), contra a Costa Rica --são mais de 6,4 mil quilômetros a serem percorridos no ar, no total.
As opções de voos para muitas cidades-sede também são escassas neste momento. Há poucos voos diretos do Rio para Manaus, que custam até 1.800 reais por uma viagem de quatro horas.
Os voos extras esperados para a próxima semana devem atender a demanda e impedir que os preços decolem, disse Paul Irvine, diretor da Dehouche, uma agência de viagens no Rio de Janeiro especializada em viagens de luxo na América do Sul.
Mas os turistas terão que diminuir suas expectativas. "Os preços podem parecer astronômicos quando comparados com voos da EasyJet ou Ryanair, mas não comparados com o normal das empresas aéreas brasileiras", afirmou ele.