Deslizamento de terra em Niterói: 11 pessoas foram resgatadas com vida, das quais uma morreu no hospital, e 14 corpos foram retirados já sem vida (Pilar Olivares/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 12 de novembro de 2018 às 14h37.
As 22 famílias que foram desalojadas depois do deslizamento do Morro da Boa Esperança, em Niterói, receberão da prefeitura unidades habitacionais no bairro do Fonseca. As casas já estão em construção e serão entregues às vítimas no dia 20 de dezembro, segundo a prefeitura de Niterói.
Enquanto as unidades não ficam prontas, as famílias desalojadas receberão aluguel social. O município trabalha na elaboração do projeto de lei para incluir essas famílias no pagamento do benefício. O projeto será enviado à Câmara dos Vereadores amanhã (13), em regime de urgência.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o número de resgatados permanece o mesmo na manhã de hoje: 11 pessoas foram resgatadas com vida, das quais uma morreu no hospital, e 14 corpos foram retirados já sem vida. Os bombeiros continuam trabalhando no local, mas não há mais relatos de desaparecidos por parte de familiares e vizinhos.
A Defesa Civil também opera no monitoramento das casas no entorno do local do acidente. Dezessete moradias permanecem interditadas.
Segundo a prefeitura, cerca de 200 pessoas, profissionais das secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Obras, Conservação e Serviços Públicos fazem a limpeza do local do desabamento. Eles também atuam na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, local em que parte das vítimas está alocada provisoriamente.
Uma rede de solidariedade se formou para dar assistência àqueles que perderam tudo e nove toneladas de donativos já foram arrecadados. A prefeitura informa que, no momento, não há necessidade de novas doações. Já foram distribuídos kits com materiais de limpeza, higiene pessoal, alimentos e água para 18 famílias.
Cerca de 50 psicólogos voluntários trabalham no atendimento às vítimas. Os profissionais desenvolvem diferentes ações, entre elas assistência no momento do sepultamento e durante a identificação dos corpos no Instituto Médico-Legal (IML) aos familiares das vítimas.
Os profissionais também atendem às pessoas que solicitam atendimento na Escola Francisco Portugal Neves e trabalham orientando a população sobre direitos que ainda podem buscar.
Para o psicólogo voluntário Alexandre Nascimento, a disponibilização de tratamento psicológico a longo prazo para as pessoas que passaram pelo trauma do acidente é fundamental.
"A gente fala em emergência, desastre, mas muitas dessas situações são tragédias anunciadas. São tragédias decorrentes da negligência do Poder Público. Essas pessoas estão em situação de risco não porque querem, mas porque não têm outra opção. Então, todo esse trabalho decorrente de situação de trauma, tanto individual quanto coletivo, tem impacto profundo na vida emocional. [Por isso], há uma demanda por políticas públicas que possam dar conta desse sofrimento gerado por esse trauma", acrescenta Alexandre, que é morador da região.