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Famílias de vítimas da Mogi-Bertioga querem indenização

Famílias de 11 vítimas pretendem processar a empresa que oferecia o serviço de transporte e a prefeitura de São Sebastião


	Mogi-Bertioga: famílias de 11 vítimas pretendem processar a empresa que oferecia o serviço de transporte e a prefeitura de São Sebastião
 (Divulgação/CNT)

Mogi-Bertioga: famílias de 11 vítimas pretendem processar a empresa que oferecia o serviço de transporte e a prefeitura de São Sebastião (Divulgação/CNT)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2016 às 18h07.

As famílias de 11 das vítimas do acidente de ônibus ocorrido na Rodovia Mogi-Bertioga anunciaram hoje (22) que pretendem processar a empresa que oferecia o serviço de transporte e a prefeitura de São Sebastião.

Ao todo, 18 pessoas morreram na noite do dia 8 de junho, quando o coletivo que vinha de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, tombou na via. O veículo trazia estudantes universitários de volta para São Sebastião, no litoral paulista. O motorista também morreu no acidente.

Segundo o advogado que representa as famílias, José Beraldo, a defesa vai cobrar providências do Ministério Público, para que responsabilize criminalmente o dono da empresa União do Litoral, que faz o transporte dos alunos mediante contrato com a prefeitura de São Sebastião.

Em outra frente, serão apresentadas ações individuais pedindo indenização da prefeitura e da empresa.

Ausências

Viúva de uma das vítimas, a doméstica Domingas de Carvalho Souza disse que a filha de 1 ano, Noemi, sente muita falta do pai, o estudante de engenharia Aldo de Carvalho Souza, morto aos 28 anos no desastre. “Teve um dia que ela pegou o tênis dele e não queria soltar, ficou agarrada”, contou.

O filho mais velho do casal, Gianpaolo, de 9 anos, também não se conforma com a ausência do pai. “Ele não está compreendendo.

Ele quer entender, mas é difícil”, disse Domingas, que gostaria de ter acompanhamento psicológico para as crianças lidarem com a situação.

No momento do acidente, Aldo tentou, de acordo com Domingas, mandar uma última mensagem, ao perceber que o risco era iminente. “Ele mandou uma mensagem dizendo que me amava.

Acho que no desespero, ele não conseguiu escrever e tentou gravar um áudio. Aí vem aquele barulho e o grito de desespero”, descreveu.

Domingas contou ainda que há muito tempo Aldo reclamava das condições dos coletivos que faziam o trajeto do litoral para as universidades em Mogi das Cruzes.

“Estava procurando serviço, mandando currículo para cá. Porque não estava aguentando o trajeto por causa do ônibus. Muitas vezes quebrava ou não avisava que ia chegar mais tarde.”

Segundo o relato da viúva, os veículos tinham até problemas de falta de higiene, que incomodavam os passageiros. “Ultimamente ele chegava em casa reclamando muito, até da higiene do ônibus. Tinha enxaqueca, dor de cabeça. Falava que não estavam nem limpando o ônibus.”

Más-condições

As reclamações sobre as condições dos ônibus também foram relatadas por parentes de outras vítimas durante o anúncio das ações judiciais.

“Quando íamos reclamar para a Seduc [Secretaria de Educação] eles diziam: 'Vocês não têm que reclamar, estão andando de graça'. Como se nós estivéssemos pedindo favor”, disse o caseiro Otacílio Pereira de Lima, pai da estudante de enfermagem Rita de Cássia Lima, que tinha 19 anos.

Leonardo Lopes, companheiro de Maria Odilânia Maceno de Souza, disse que a estudante de contabilidade também criticava as condições dos veículos.

“Ele reclamava bastante, quando chovia tinha poltrona que molhava. Chovia dentro do ônibus”, relatou.

O advogado José Beraldo disse que teve acesso aos resultados preliminares do laudo da perícia da Polícia Civil que indica, segundo ele, que houve falha no sistema de freios. “É um ônibus efetivamente sucateado”, disse.

É com base nessas informações e nos dados divulgados pela imprensa que Beraldo pretende fazer um pedido ao Ministério Público para que o proprietário da empresa de ônibus seja responsabilizado.

“Eu não preciso de um laudo definitivo. Hoje, nós usamos documentos da própria mídia. A mídia é o que fiscaliza os atos do juiz, do promotor, dos políticos. Cobra e exige. Eu não preciso de um laudo, é fato público e notório.”

Outro lado

Por meio de nota, a prefeitura de São Sebastião disse que os veículos que transportam os estudantes universitários são de responsabilidade da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), que “atestou plenas condições da circulação do mesmo e, de acordo com a Secretaria de Educação, nenhuma reclamação foi protocolada este ano”, diz o comunicado.

A administração municipal disse ainda que está oferecendo assistência jurídica e psicológica aos sobreviventes e famílias das vítimas.

“A prefeitura reforça ainda que todas as medidas, a fim de dar celeridade às ações, estão sendo tomadas junto à empresa responsável pelo transporte e após o término das investigações tomará as providências legais e cabíveis.”

Sobre a União do Litoral, a prefeitura de São Sebastião afirma que a companhia está facilitando o acesso das famílias aos agentes da seguradora contratada pela empresa.

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