Embora a falha do sistema elétrico pôde obedecer eventualmente a uma reação equivocada dos pilotos, isso não retiraria a culpa da Air France e da Airbus (Divulgação/BEA)
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2011 às 07h16.
Berlim - Os dados da caixa-preta do airbus AF-447 da Air France, que caiu ao Atlântico no dia 1º de junho de 2009 na rota Rio-Paris, apontam que o acidente, no qual morreram 228 pessoas, aconeceu por problemas técnicos, segundo informações publicadas pela revista "Der Spiegel" em sua edição desta segunda-feira.
Essa tese põe em dúvida a teoria predominante até o momento, segundo a qual o acidente aconteceu por causa de um erro humano, o que exoneraria de culpa o fabricante do avião.
"Der Spiegel" assegura em seu artigo que as primeiras informações que vazaram para a imprensa apontam para "uma tragédia tanto humana como técnica".
No momento em que se começou a detectar uma situação difícil, o piloto, Marc Dubois, que não estava nesse momento na cabina, retornou precipitadamente e na caixa-preta se escuta, segundo um informante citado por "Der Spiegel", como começa a dar instruções aos copilotos tratando evitar o acidente.
Embora, segundo indica "Der Spiegel", a ausência do capitão na cabina poderia fortalecer a hipótese de falha humana - segundo a qual a tripulação teria dirigido o avião diretamente a uma área de turbulências - há outros indícios que apontam para problemas técnicos.
O percurso do avião, segundo a caixa-preta, mostra que a tripulação procurou evitar a área de turbulências e a princípio pareceu ter sucesso.
No entanto, o avião terminou voando em uma chamada "armadilha de gelo" - com cristais que o radar dificilmente pode detectar - e ali falharam, primeiro, os velocímetros e depois o sistema elétrico.
Embora a falha do sistema elétrico pôde obedecer eventualmente a uma reação equivocada dos pilotos, isto, segundo "Der Spiegel", não retiraria a culpa da Air France e da Airbus.
Até o momento do acidente, os pilotos da Air France, segundo a revista, não estavam suficientemente informados de erros frequentes dos velocímetros, nem tinham sido adequadamente instruídos sobre como reagir perante eles.
Além disso, é possível que uma reação do avião, que tentou elevar sua altura de voo após a falha dos velocímetros, teria sido ocasionada pelos dados de um dos computadores de bordo que intervém quando a máquina está em uma situação ameaçadora.