Faculdade de Direito: a USP não adota sistema de cotas ou mesmo bonificação para negros no vestibular (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2012 às 20h05.
São Paulo - A Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a unidade mais tradicional da Universidade de São Paulo (USP), aprovou ontem, por "aclamação" (unanimidade), recomendação para que a USP adote cotas raciais. A declaração, que deve seguir para o Conselho Universitário, pode ser o primeiro passo para que a instituição comece a discutir esse tipo de ação afirmativa.
A recomendação foi votada na Congregação da faculdade, que reúne professores e alunos. A reunião teve a participação de representantes do movimento negro, que defenderam as cotas. "Esse é um passo muito importante porque reconhece que o debate sobre cotas está amadurecido e que os programas da USP não alteram a desigualdade entre brancos e negros", afirma Clyton Borges, do movimento Uneafro Brasil. A Uneafro faz parte da Frente Pró-Cotas, que reúne 70 organizações do movimento negro e fomentou a discussão.
A USP não adota sistema de cotas ou mesmo bonificação para negros no vestibular. A universidade mantém apenas um programa de inclusão para estudantes da rede pública e o considera satisfatório. Mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela legalidade das cotas, fortalecendo o debate do tema, a USP não cogitou discutir o tema.
Para o professor de Direito Marcus Orione, é simbólico que a primeira declaração oficial pelas cotas na USP tenha saído do Largo São Francisco. "A decisão nos faz resgatar a história da faculdade em defesa da democracia. Temos uma unidade onde não há negros." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.