Edson Fachin: "Tenho confiança plena que isso não é suscetível de qualquer retrocesso", diz o relator da Lava Jato no STF sobre a operação (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 12 de junho de 2019 às 17h33.
Última atualização em 3 de setembro de 2019 às 19h22.
BRASÍLIA — A Lava Jato é uma realidade que não será afastada por questões conjunturais, disse nesta quarta-feira (12) o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator dos processos ligados à operação na corte.
As declarações de Fachin vêm depois de, no domingo (9), o site Intercept Brasil divulgar supostas mensagens trocadas entre procuradores que atuam na Lava Jato em Curitiba e entre o coordenador da força-tarefa da operação, Deltan Dallagnol e o então juiz responsável pelos processos da operação na capital paranaense, Sergio Moro, hoje ministro da Justiça.
Nas supostas mensagens, Moro indicaria a Dallagnol pistas a serem seguidas na investigação, assim como cobra pelo tempo em que não ocorrem novas fases, entre outros pontos. O site classifica a troca de mensagens como uma colaboração proibida entre Moro e a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF).
"A Lava Jato é uma realidade, e não acredito que esta realidade venha a ser afastada por qualquer circunstância conjuntural", disse Fachin a jornalistas no STF em Brasília.
"A operação trouxe um novo padrão normativo, jurídico, portanto, e também de natureza ética ao Brasil e à administração pública. Tenho confiança plena que isso não é suscetível de qualquer retrocesso", avaliou.
A divulgação das supostas mensagens pelo Intercept Brasil gerou críticas e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sugeriu o afastamento de Moro e Dallagnol para que as investigações sejam feitas de forma independente.
Moro disse que não pode afirmar se as alegadas mensagens são autênticas pois, de acordo com ele, se elas aconteceram, ocorreram há muito tempo. Ele disse também que, pelo que foi divulgado, não viu nada de mais no que teria conversado com Dallagnol.
O coordenador da Lava Jato no Paraná, por sua vez, negou quaisquer irregularidades e classificou de teoria da conspiração sem base na realidade a ideia de que a operação seria partidária.