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1. Fotos e fatos dos 100 dias do governo Dilma
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1/20 (EXAME.com)
São Paulo* - A presidente Dilma Rousseff completará 100 dias de governo neste domingo (10), uma data simbólica que é tradicionalmente marcada por balanços. EXAME.com selecionou os 20 principais acontecimentos desse período e convidou o presidente da GT Marketing e Comunicação e professor da USP, Gaudêncio Torquato, para análisa-los. O professor Torquato, analista político muito requisito por candidatos e pela mídia em períodos eleitorais, recebeu o editor Luís Artur Nogueira em seu escritório, em São Paulo. Durante aproximadamente uma hora e meia, avaliou, criticou, elogiou e comentou os principais lances da presidente Dilma e de seus subordinados. Para facilitar a leitura, cada análise do professor é precedida por um resumo do acontecimento. Os internautas de EXAME.com estão convidados a fazer a sua própria avaliação do governo Dilma no espaço específico para comentários. * Matéria atualizada no dia 10 de abril. A seleção dos assuntos teve a colaboração da repórter Cacau Araújo.
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2. 01/01 - Dilma assume a Presidência da República
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2/20 (Fabio Rodrigues/Agência Brasil)
São Paulo - No dia 1º de janeiro, Dilma Vana Rousseff, 63, se tornou a primeira mulher a ocupar a Presidência da República do Brasil. Dilma elogiou o governo Lula e prometeu erradicar a miséria e transformar o Brasil num país de "classe média sólida e empreendedora." Por "coincidência", segundo o cerimonial do Palácio do Planalto, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, inimigos diplomáticos, ficaram lado a lado na fila para cumprimentar Dilma Rousseff. Análise de Gaudêncio Torquato "Inicialmente, eu destacaria o simbolismo da primeira mulher a assumir a presidência da República. Em segundo lugar, o discurso mostra que Dilma é muito grata a Lula. O terceiro ponto é que não houve grandes surpresas no pronunciamento, com um tom de continuidade e promessa de combate à miséria. Por fim, a presença de Hillary Clinton na posse mostra um prestígio muito grande da presidente Dilma. "
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3. 04/01 - Mantega decepciona em seu primeiro pronunciamento
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3/20 (Renato Araújo/Agência Brasil)
São Paulo - Logo na primeira semana do governo Dilma, no dia 4 de janeiro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez seu primeiro pronunciamento e decepcionou. Com o dólar cotado próximo a R$ 1,65, o mercado esperava que o ministro fosse anunciar alguma medida para conter a valorização da moeda brasileira. No entanto, Mantega apenas tentou segurar a valorização cambial no “gogó”. Além de sinalizar um novo piso informal para a moeda americana de R$ 1,65, o ministro disse que a equipe econômica estava atenta ao problema cambial e que não deixaria o dólar derreter. Análise de Gaudêncio Torquato "“Esse ato espalhafatoso do Mantega teve o objetivo de mostrar que ele tinha o prestígio da presidente Dilma nos assuntos econômicos e que ele não estava ali apenas para ser um fantoche de Antonio Palocci. Eu diria que Mantega faz um feijão com arroz na área econômica e, portanto, a permanência dele ao longo dos quatro anos de governo vai depender do êxito das políticas de controle da inflação - que também dependem do Banco Central - e de um crescimento robusto da economia.”"
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4. 06/01 - BC anuncia 1ª medida para conter queda do dólar
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4/20 (Valter Campanato/ABr)
São Paulo - Dois dias depois de o pronunciamento de Guido Mantega ter decepcionado o mercado financeiro, o Banco Central (BC) anunciou a primeira medida econômica do governo Dilma para tentar amenizar o problema cambial. Com o objetivo de forçar as instituições financeiras a reduzirem suas apostas contra o dólar, o BC determinou o recolhimento compulsório de 60% da posição de câmbio vendida que exceder o menor dos seguintes valores: US$ 3 bilhões ou patrimônio de referência. A regra, que entrou em vigor em 4 de abril, tornou menos atraentes as apostas de instituições financeiras na trajetória de queda do câmbio. Análise de Gaudêncio Torquato
"Tombini apareceu no cenário dando grande ênfase ao seu perfil técnico. Ele quis se mostrar à altura de Henrique Meirelles em conhecimento e força política. Acho que o Tombini conseguiu estabelecer uma identidade própria e, pelo menos nesse início, o mercado está respeitando a sua gestão.”
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5. 06/01 - Ministra Tereza Campello anuncia PAC da Pobreza
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5/20 (Marcello Casal Jr./AGÊNCIA BRASIL)
São Paulo - Uma das promessas mais repetidas no discurso de posse da presidente Dilma foi acabar com a miséria no país. Para atingir esse objetivo, foi lançado o Programa de Erradicação da Pobreza Extrema, que se tornou o primeiro “PAC” do novo governo. Segundo a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, o modelo de gestão do programa tem “metas claras, prestação de contas anual e não será atingido pelos cortes de gastos”. Análise de Gaudêncio Torquato "Na minha visão, a erradicação da pobreza tem sido o eixo do discurso da presidente Dilma, mas eu não vejo nada de concreto. Há uma espécie de dissonância entre discurso e prática. Não vejo projetos novos nessa área. A minha impressão é que o governo Dilma patina nesse tema. É mais discurso do que ação."
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6. 12/01 - Chuvas castigam região serrana do Rio
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6/20 (Valter Campanato/ABr)
São Paulo - A madrugada do dia 12 de janeiro foi marcada por fortes chuvas que castigaram a região serrana do Rio de Janeiro. Logo no primeiro dia de um dos maiores desastres naturais do país, houve mais de 200 mortos. No dia seguinte, a presidente Dilma Rousseff visitou a região e sobrevoou as áreas atingidas pelas enchentes. A catástrofe deixou mais de 800 mortos e cerca de 30 mil desabrigados e desalojados. No dia 17 de janeiro, o governo anunciou um sistema de prevenção de desastre naturais, mas que pode demorar até quatro anos para entrar em vigor. Outra tragédia no Rio de Janeiro aconteceria no dia 7 de abril, com a morte de crianças em uma escola por um ex-aluno. A presidente Dilma chorou ao falar dos "brasileirinhos que foram retirados tão cedo da vida". Análise de Gaudêncio Torquato "A presença de um presidente República no cenário de um desastre sempre gera simpatia da população. A Dilma conseguiu angariar popularidade e tirou lição do erro de Lula, que foi muito criticado quando houve uma tragédia semelhante em Santa Catarina. Dilma conseguiu estabelecer um diferencial nesse episódio das enchentes."
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7. 14/01 - Dilma faz 1ª reunião ministerial
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7/20 (José Cruz/ABr)
São Paulo - No dia 14 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff comandou a primeira reunião ministerial de seu governo. Com a presença dos 37 ministros, na pauta da reunião estavam orientações para cortes de gastos. O encontro começou com um certo atraso, logo depois das 14h, e terminou só à noite. O papel de controlar o tempo da fala de cada ministro coube a Antonio Palocci. Dilma deixou claro que não gosta do formato da reunião ministerial, "ampliado demais e ineficiente". Após o encontro, o ministro Guido Mantega falou que o salário mínimo seria reajustado para R$ 545. Análise de Gaudêncio Torquato "A reunião foi importante para Dilma mostrar autoridade e cobrar resultados dos ministros. Ficou claro que o ponto forte dela é o gerenciamento das tarefas. Até hoje eu observo que os ministros têm feito poucos discursos, porque a presidente não aceita discursos sem resultados práticos. Os ministros têm receio de receber um puxão de orelha."
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8. 19/01 - 1ª Reunião do Copom do governo Dilma eleva a Selic
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8/20 (Elza Fiúza/ABr)
São Paulo - Sem contrariar as expectativas do mercado, o Banco Central (BC) elevou de 10,75% para 11,25% ao ano a taxa básica de juros na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do governo Dilma. O encontro marcou a estreia de Alexandre Tombini no comando do Copom, que ainda iria promover mais uma alta da Selic em março. A partir daí, o BC iniciou uma queda de braço com os analistas do mercado, que queriam mais elevações nos juros. Os diretores da instituição, no entanto, sinalizaram várias vezes que medidas alternativas de controle do crédito são mais eficientes. No dia 7 de abril, o Ministério da Fazenda dobraria o IOF cobrado sobre os empréstimos (de 1,5% para 3%) com o objetivo de esfriar a economia. Análise de Gaudêncio Torquato "No discurso do controle da inflação, eu tenho a impressão de que o governo ainda está tateando no escuro. Não há muita clareza sobre o que fazer para resolver o problema de forma definitiva. Como equacionar a necessidade de crescimento, de um lado, com o controle da inflação, de outro?"
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9. 01/02 - Vitória dupla para Dilma na Câmara e no Senado
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9/20 (Gervásio Baptista/ABr)
São Paulo - No primeiro dia do ano legislativo (01/02), a movimentação era intensa pelos corredores do Congresso Nacional por causa da eleição dos presidentes da Câmara e do Senado. O resultado foi duplamente vitorioso para o governo Dilma. Na Câmara, o deputado federal Marco Maia (PT-RS) foi eleito presidente para o biênio de 2011 a 2013, com 375 dos 513 votos. Sem surpresas, o senador José Sarney chegou - pela quarta vez - à presidência do Senado, com 70 dos 81 votos. Em discurso, Sarney disse que faria um "sacrifício pessoal" para ficar no comando da Casa por mais dois anos. Análise de Gaudêncio Torquato "Era bastante previsível a eleição de um petista e de um peemedebista. Sarney mostrou, no seu discurso de sacrifício, mais uma vez o perfil do cacique político. Quanto ao Marco Maia, ele não era o preferido de Dilma, que gostaria de ver Cândido Vaccarezza na presidência da Câmara. Marco Maia, como sindicalista que é, teve apoio do baixo clero. É evidente que o fato de ele ser petista é bom para o governo, mas não foi uma vitória muito completa."
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10. 09/02 - Mantega e Belchior anunciam corte de R$ 50 bi
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10/20 (Renato Araujo/ABr)
São Paulo - O tão esperado corte no Orçamento Geral da União foi anunciado no dia 9 de fevereiro. Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, convocaram uma coletiva para, finalmente, tornar pública a intenção de enxugar R$ 50 bilhões em gastos. Os ministros afirmaram que o corte seria feito principalmente nas despesas de custeio, como passagens aéreas e diárias de hotel. Todos os ministérios estão dentro do corte, mas o ministro Mantega garantiu que o corte não era um contingenciamento que impediria o crescimento econômico do país. No dia 28 de fevereiro, os dois ministros detalhariam o pacote fiscal em nova entrevista. Com o passar do tempo, ficaria claro que os investimentos também sofreriam restrições, contrariando o desejo inicial da presidente Dilma. Análise de Gaudêncio Torquato "A presidente está correta em dar uma cacetada logo no começo do mandato para sinalizar suas posições econômicas. O problema é que a pressão política dos parlamentares é muito forte e pode reverter alguns cortes. Uma tesourada de R$ 50 bilhões pareceu sério para a sociedade, embora muitos analistas questionem a efetividade desse ajuste fiscal."
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11. 09/02 - Sarney veta horas extras e suspende concurso
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11/20 (Agência Brasil)
Brasília - Como resposta ao contingenciamento de R$ 50 bilhões no Orçamento anunciado pelo Executivo, o presidente do Senado, José Sarney, anunciou a proibição do pagamento de horas extras a funcionários que ocupam cargos de direção. O concurso público previsto para o segundo semestre deste ano, com cerca de 180 vagas, foi suspenso, e não tem prazo para acontecer. Análise de Gaudêncio Torquato "A sociedade passou a ser muito crítica em relação a algumas mazelas, como o patriarcalismo, o caciquismo, o nepotismo, e os presidentes do Legislativo são induzidos a definir estratégias de contenção de gastos. Ao anunciar a suspensão de concursos e o inchamento da máquina, Sarney tenta conquistar o apoio da opinião pública."
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12. 28/02 - Dilma Rousseff vai a programa de Ana Maria Braga
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12/20 (Divulgação/TV Globo)
São Paulo - Na manhã de 28 de fevereiro, Dilma Rousseff participou da gravação do programa "Mais Você", que iria ao ar no dia seguinte. No bate-papo com a apresentadora Ana Maria Braga, falou sobre a luta contra o câncer e o fato de ser classificada como uma pessoa "durona". “É interessante como esperam de nós, mulheres, uma certa fragilidade. Isso decorre do fato de que a mulher, quando assume um alto cargo, é vista fora do seu papel”, disse a presidente, que preparou um omelete com queijo no programa. Dilma ainda participaria do programa de estreia de Hebe Camargo na Rede TV!. Análise de Gaudêncio Torquato "É o Estado Espetáculo, em que o governante desce do altar para o mesmo patamar dos simples mortais. Ela fez isso de maneira competente, falando primeiro para dois programas femininos. Ela, ao lado de uma mulher, falando para mulheres. De mulher para mulher. E, com isso, ela ganha a simpatia das mulheres, e fez até um omelete - de maneira desengonçada, é verdade - mas fez. Em seguida, foi ao programa da Hebe, que assim como a Ana Maria Braga e a própria Dilma, teve câncer. Ela não é populista como o Lula, que sempre ia a palanques, mas não se negou a ir a programas de TV com grandes índices de audiência."
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13. 01/03 - Bolsa Família tem reajuste de até 45%
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13/20 (Reprodução)
São Paulo - No momento em que o governo demonstrava um esforço fiscal, veio o anúncio de um reajuste médio de 19,8% dos benefícios pagos pelo programa Bolsa Família. Para as famílias com crianças e adolescentes de até 15 anos, o aumento real chega a 45,5%. A presidente Dilma argumentou que não havia ocorrido reajuste no ano anterior e que o aumento era a primeira parte do programa de erradicação da miséria, prioridade de sua gestão. Análise de Gaudêncio Torquato "O diferencial de Lula em relação a Fernando Henrique Cardoso foi pegar a base da pirâmide e empurrar para cima, transformando-a em um losango. O crescimento da classe média deu uma grande popularidade a Lula. Dilma está reforçando isso com a estratégia de combater a miséria e uma das forma é promovendo grandes reajustes no Bolsa Família."
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14. 03/03 - Dilma considera "razoável" alta de 7,5% do PIB
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14/20 (Germano Luders/EXAME)
São Paulo - A presidente Dilma Rousseff qualificou de "bastante razoável" o desempenho do PIB no ano passado (7,5%). O anúncio feito pelo IBGE no dia 3 de março destacou o forte crescimento da indústria, que tinha sofrido um tombo em 2009. A principal preocupação do governo foi minimizar os riscos inflacionários. Dias depois, o próprio Banco Central descartaria o cumprimento do alvo central da meta de inflação (4,5%). Análise de Gaudêncio Torquato "Esse é o gargalo do governo. Como administrar a meta de crescimento sem perder o controle da inflação. A situação real mostra que as metas não estão sendo cumpridas. Sendo assim, mais cedo ou mais tarde, o governo vai ter que adotar medidas mais drásticas para conter o consumo."
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15. 07/03 - Dilma acompanha soltura de 100 filhotes de tartaruga
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15/20 (Marcelo Garrido/Agência Força Aérea)
São Paulo - Em pleno carnaval, a presidente Dilma acompanhou a soltura de cem filhotes de tartarugas marinhas na praia de Barreira do Inferno (RN), onde passou o feriado com a família sob forte esquema de segurança. Apesar de receber vários convites, Dilma não participou de festas populares e não foi assistir a desfiles de escolas de samba. Análise de Gaudêncio Torquato "Foi um simbolismo de recolhimento e de descanso com a família. Ela mostrou que começa o novo governo refletindo, estudando e se preparando para os desafios. Eu diria que ela fez muito bem e o ato foi bem recebido pela opinião pública. Em vez de festejar, sambar, ela fez um gesto simbólico pela vida ao soltar filhotes de tartaruga, dando uma mensagem de sustentabilidade do meio-ambiente."
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16. 15/03 - Meirelles é confirmado como autoridade olímpica
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16/20 (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Brasília - No dia 15 de março, após semanas repletas de especulações, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles aceitou o convite da presidente Dilma Rousseff para ser o responsável pela Autoridade Pública Olímpica (APO). O órgão será criado para coordenar as obras necessárias para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Meirelles ainda terá que passar pela aprovação do Senado, que o submeterá a uma sabatina. Com um executivo de renome internacional no cargo, diminui a ingerência política do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Análise de Gaudêncio Torquato "A minha surpresa foi o Meirelles aceitar a função, pois ele terá um verdadeiro abacaxi para descascar. Não será fácil colocar o cronograma das obras em dia e ainda impedir o superfaturamento. Se ele desempenhar a função com êxito, aplausos e prestígio. Porém, se houver problemas no meio da rota, ele estará frito."
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17. 19/03 - Dilma recebe visita de Obama
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17/20 (Agência Brasil)
São Paulo - Esbanjando humor e simpatia, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, veio ao Brasil no terceiro mês do governo Dilma. Em Brasília, Obama participou de encontro com empresários e manifestou "apreço à aspiração" da diplomacia brasileira de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O ponto negativo foi a revista de ministros brasileiros feita pela segurança americana. Acompanhada da esposa e das duas filhas, o presidente dos Estados Unidos também foi ao Rio de Janeiro, mas não fez um discurso ao ar livre na Cinelândia, como estava previsto. Apenas 2 mil convidados puderam acompanhar o pronunciamento feito dentro do Theatro Municipal. Análise de Gaudêncio Torquato "A vinda de Obama foi um gol magnífico logo no começo do mandato. Foi um sinal de prestígio que o Lula não conseguir ter. Dilma fez um discurso muito mais concreto do que o de Obama, que decepcionou na questão do assento na ONU, frustrando a diplomacia brasileira. De qualquer forma, houve avanços nas relações entre os dois países. O episódio da revista dos ministros foi constrangedor e o discurso ao ar livre foi cancelado para evitar algum incidente mais sério. Imagine se algum manifestante atirasse um ovo no Obama. Daria repercussão mundial."
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18. 24/03 - Brasil vota contra o Irã pela 1ª vez
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18/20 (Wikimedia Commons)
São Paulo - O Brasil votou favoravelmente, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, à designação de um relator para investigar denúncias de violações de direitos humanos no Irã. Foi a primeira vez desde 2003 que o país adota posição contrária aos interesses do Irã no órgão. A decisão teve 22 votos a favor, 7 contra e 14 abstenções. Na ocasião, a embaixadora Maria Nazareth Azevêdo disse que o voto não era contra o Irã, "mas a favor do sistema de direitos humanos da ONU". Análise de Gaudêncio Torquato "Foi um gesto de coragem do Brasil de mudar a sua política externa, se pautando pela linha do respeito aos direitos humanos. Foi um voto avançando e condizente com os parâmetros que são esperados de nações democráticas. Foi uma grande mudança em relação ao governo Lula."
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19. 28/02 - IOF maior para compras com cartão no exterior
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19/20 (Stock Exchange)
São Paulo - De olho na explosão dos gastos de brasileiros em viagens internacionais, o governo anunciou a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de compras feitas com cartão de crédito no exterior de 2,38% para 6,38%. Quem compra produtos no exterior via internet também está sujeito à tributação maior. O governo elevou ainda os impostos incidentes sobre refrigerantes e cervejas, e anunciou a correção da Tabela do Imposto de Renda em 4,5%. Análise de Gaudêncio Torquato "Foi um ato com pouco resultado prático. As pessoas vão procurar brechas e comprar com dinheiro vivo no exterior. Foi uma medida mais para inglês ver e, na minha visão, a efetividade dessa ferramenta é muito pequena."
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20. 31/03 - Vale confirma saída de Agnelli
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20/20 (Agência Brasil)
São Paulo - A Vale divulgou na noite do dia 31 de março um comunicado a investidores afirmando que Roger Agnelli deixará a empresa no dia 30 de abril. O novo presidente Murilo Ferreira seria anunciado quatro dias depois. Foi o desfecho para uma novela recheada de boatos e especulações, e que teve a interferência direta do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Uma semana antes, o governo trocou o comando da Caixa Econômica Federal. Saiu Maria Fernanda Ramos Coelho e entrou Jorge Hereda, que era vice-presidente da instituição. A diferença entre os dois casos é que a Caixa é um banco estatal emquanto a Vale foi privatizada em 1997. Análise de Gaudêncio Torquato "O Roger Agnelli vinha sendo jogado para escanteio pelo governo desde o mandato de Lula por dois motivos: não queria entrar no mercado de siderurgia e ainda fez inúmeras demissões no auge da crise. Aproveitando essa situação, Mantega fez um pacto com o Bradesco e trocou o presidente da empresa. É uma perda irreparável de alguém com o perfil do Agnelli, mas o fato mais importante nessa história é a constatação de que uma empresa privada que depende de fundos de pensão de estatais não é imune às pressões do Estado."