Brasil

Exército vai investigar uso de máscara de caveira na Rocinha

Imagens mostram militares usando máscaras com desenhos de caveira - de aparência ameaçadora - segurando armas durante operações na Rocinha, no Rio

Rocinha: desde a última sexta (22), cerca de 950 militares das Forças Armadas atuam no cerco da região (Bruno Kelly/Reuters)

Rocinha: desde a última sexta (22), cerca de 950 militares das Forças Armadas atuam no cerco da região (Bruno Kelly/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de setembro de 2017 às 18h56.

Última atualização em 27 de setembro de 2017 às 19h40.

Rio - O Estado-Maior, responsável pelo Plano Nacional de Segurança Pública no Rio de Janeiro, informou por nota nesta quarta-feira, 27, que apura o uso por militares de balaclavas (capuzes) em desacordo com as regras das corporações militares durante operações na Rocinha, na zona sul do Rio.

Segundo o órgão, usar o acessório "nas cores preta e azul-ferrete está previsto nos regulamentos de uniformes das Forças Armadas".

Peças com desenhos de caveira foram usadas por soldados durante operações na Rocinha, segundo registraram fotógrafos nesta terça-feira, 26. As imagens mostram militares com essas máscaras - de aparência ameaçadora - segurando armas.

Desde a última sexta-feira, 22, cerca de 950 militares das Forças Armadas atuam no cerco da região, dando apoio às operações das Polícias Militar e Civil do Rio.

O comando não informou se os militares que utilizaram o acessório serão punidos ou alvo de algum inquérito.

Nesta quarta-feira, militares distribuíram sacolas de doces de São Cosme e Damião para as crianças na comunidade. Questionado, o Comando Militar do Leste (CML) ainda não respondeu detalhes sobre a iniciativa.

Entenda o que desencadeou a onda de violência na Rocinha

A atual onda de intensos tiroteios na Rocinha começou no domingo, 17, quando o chefe do tráfico de drogas no morro, Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, se desentendeu com o seu antecessor, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011. No domingo, os tiroteios deixaram um morto.

Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério 157 e teria tentado expulsar o seu grupo da favela, por meio de ordens dadas de dentro da prisão.

A relação pode ter piorado depois da união da Amigo dos Amigos (ADA) com a facção paulista PCC. Já Rogério teria matado aliados de seu antecessor e mandado expulsar Danúbia de Souza Rangel, mulher de Nem, do morro.

Em represália, Nem teria incitado criminosos da ADA de outros morros, como Vila Vintém, Morro dos Macacos e São Carlos a tentar retomar a favela.

A tentativa, porém, foi frustrada, e Rogério continuaria no alto do morro, segundo informações da Polícia. Danúbia, que é foragida e ostenta alto poder aquisitivo nas redes sociais, também estaria no local.

Os dois corpos carbonizados encontrados pela polícia seriam do grupo de Rogério.

Na segunda-feira, 18, o porta-voz da Polícia Militar do Rio, major Ivan Blaz, e o delegado-titular da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo, admitiram que sabiam que poderia haver confronto entre traficantes na Rocinha no dia anterior.

Blaz afirmou que a Polícia Militar não agiu com mais força para acabar com o confronto porque a intervenção poderia vitimar moradores.

Já Ricardo acrescentou que não sabia que o confronto, que durou cinco horas, "seria desta proporção".

Na quarta-feira, 20, o governador do Rio afirmou que soube na madrugada do domingo que haveria confronto entre traficantes e pediu que a polícia não interviesse, o que causou polêmica.

Acompanhe tudo sobre:ExércitoFavelasRio de JaneiroViolência urbana

Mais de Brasil

Inovação da indústria demanda 'transformação cultural' para atrair talentos, diz Jorge Cerezo

Reforma tributária não resolve problema fiscal, afirma presidente da Refina Brasil

Plano golpista no Planalto previa armas de guerra