Segundo executivo da Odebrecht, o doleiro Alberto Youssef também participou dos encontros (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2015 às 18h24.
São Paulo e Curitiba - O ex-vice-presidente da Brasken e atual presidente institucional da Odebrecht, Alexandrino Alencar, afirmou em depoimento à Polícia Federal dia 12 de maio que recebeu 'em quatro ou cinco oportunidades' Rafael Ângulo Lopez, apontado pela força-tarefa da Operação Lava Jato como carregador de malas de dinheiro do doleiro Alberto Youssef.
Alexandrino Alencar foi preso sexta-feira, 18, por ordem do juiz federal Sérgio Moro, na mais nova etapa da Lava Jato, que investiga esquema de corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras.
Naquele depoimento de 12 de maio, ele contou que se reuniu em pelo menos duas ocasiões em hotéis de São Paulo com o ex-deputado José Janene (PP-PR) - morto em 2010 -, e com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Segundo o executivo da maior empreiteira do país também participaram dos encontros o doleiro Alberto Youssef e o ex-assessor parlamentar José Cláudio Genu, homem de confiança de Janene no Congresso.
José Janene é apontado como o mentor do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras, que deu origem à Operação Lava Jato. Com sua morte, o doleiro Alberto Youssef assumiu o comando do esquema.
Alexandrino Alencar disse que 'conheceu a pessoa de Rafael Ângulo Lopez, o qual se tratava de um assessor/mensageiro do deputado Janene'.
"Que em 2007, o declarante (Alexandrino Alencar) sai da Braskem e passa a integrar os quadros da Odebrecht, ocasião em que passa a ter contatos e fazer tratativas com o ex-deputado Janene, no âmbito político, notadamente tratando de doações de campanha para políticos do PP - Partido Progressista; QUE José Janene já estava aposentado em decorrência de grave cardiopatia; que como já não se deslocava com frequência e facilidade, passou a se valer de seu mensageiro Rafael Ângulo Lopez; que Rafael esteve no escritório do declarante, na sede da Odebrecht por cerca de quatro ou cinco oportunidades; QUE Rafael sempre aparecia sozinho; que Rafael levava ou buscava documentos relacionados a doações de campanha para o Partido Progressista, PP."
Segundo ele, 'os documentos se restringiam a recibos de campanha e pedidos de doações manuscritas por Janene'. Alexandrino Alencar ressaltou que 'nunca houve pedido de valores que não fossem relativos a doações campanha'.
E mais: 'Nunca foi pedido ao declarante comprovantes de transferências feitas pela Braskem para contas indicadas por Janene ou Yousseg no exterior.'
Segundo Alexandrino Alencar, 'era visível a relação de proximidade de confiança entre José Janene e Paulo Roberto Costa'. Ele afirmou que 'em nenhum momento José Janene demonstrava condicionar seu apoio à indústria plástica a qualquer contra partida da empresa Braskem'.
No depoimento de 12 de maio, o executivo da Odebrecht declarou que se encontrou com Janene, Youssef e o então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, nos hotéis Tivolli e Hyatt, em São Paulo.
Ele disse que 'não procedem as afirmações feitas por Alberto Youssef de que a Braskem se beneficiou de preço de compra de nafta, praticado no mercado internacional, o qual seria inferior ao praticado no mercado interno'.