Brasil

Executivo da Mendes Júnior pagou a esquema da Petrobras

A suspeita dos investigadores é de que os desvios tinham como destino o caixa 2 de partidos da base de governo e da oposição


	Refinaria feita pela Mendes Junior: vice da empresa disse que pagou R$ 8 milhões em quatro parcelas após sofrer extorsão
 (Divulgação)

Refinaria feita pela Mendes Junior: vice da empresa disse que pagou R$ 8 milhões em quatro parcelas após sofrer extorsão (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2014 às 07h47.

Curitiba e São Paulo - Dois executivos de construtoras presos sob suspeita de integrar um esquema de corrupção em contratos com a Petrobras afirmaram em depoimentos à Polícia Federal que pagaram propina aos ex-diretores da estatal Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e ao doleiro Alberto Youssef, alvos da Operação Lava Jato.

A suspeita dos investigadores, reforçada pelos depoimentos dos empreiteiros presos e detalhada nos depoimentos de delação premiada de Costa e Youssef, é de que os desvios tinham como destino o caixa 2 de partidos da base de governo, especialmente PT, PMDB e PP, e também da oposição, como o PSDB.

Para os investigadores da Lava Jato, o depoimento mais contundente dos prestados pelos executivos de empresas é o do vice-presidente executivo da Mendes Júnior, Sérgio Mendes.

Ele disse que pagou R$ 8 milhões em quatro parcelas, entre julho e setembro de 2011, após, segundo ele, sofrer extorsão para que não houvesse rompimento do contrato da obra da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.

O vice-presidente da Mendes Júnior foi ouvido na terça-feira, 18, na sede da Polícia Federal de Curitiba. Disse ter sido "pressionado a fazer os pagamentos, sob pena de ter rompidos o atual contrato e futuros". Sérgio Mendes foi preso em regime preventivo sexta-feira.

Ele declarou que o doleiro "agia em nome do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa". O executivo relatou ainda como fez os pagamentos para empresas de Youssef, apontado como o operador do esquema do PP.

A Polícia Federal já tinha apreendido nas buscas feitas nas empresas de fachada de Youssef os contratos feitos entre a Mendes Júnior que respaldaram legalmente os pagamentos de propina. Só a Mendes Júnior tinha R$ 1 bilhão em contratos com a Petrobrás, fora as empresas ligadas a ela.

Na segunda-feira, 17, outro executivo afirmou ter pago a Costa e também a Duque. Ao pedir a prorrogação da prisão temporária do ex-diretor de Serviços, por mais cinco dias ontem, a PF considerou as declarações do executivo da Galvão Engenharia.

"Foi reconhecido ontem por Erton Medeiros Fonseca o pagamento de vantagens ilícitas no âmbito da Diretoria de Serviços, à época em que o cargo era ocupado por Renato Duque, corroborando com os elementos iniciais que apontam à responsabilidade de Renato Duque", assinala a Polícia Federal.

O ex-diretor, indicado por José Dirceu ao cargo - algo que o ex-ministro nega -, é agora o novo foco da Operação Lava Jato.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos do caso, determinou na terça-feira, 18, a quebra do sigilo bancário de Duque e de três empresas que seriam usadas por ele e pelo operador do PMDB no esquema, Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano.

Ele se entregou ontem em Curitiba e teve a quebra de sigilo decretada. Foram decretadas ainda as quebras de sigilo de 14 executivos presos na sétima etapa da operação. Ontem, parte deles foi solta.

Tentativas

O criminalista Marcelo Leonardo, que defende Sérgio Mendes, informou que vai tentar derrubar o decreto de prisão por meio de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). O advogado afirmou que seu cliente "está disposto a tudo" para colaborar com a polícia.

Tanto o executivo da Mendes Júnior como o da Galvão Engenharia, apesar de admitirem o pagamento de propina, negaram fazer parte de um "clube" de empreiteiras que agia como cartel.

A acusação da existência do "clube" foi feita por dois executivos que dizem ter integrado o cartel, Júlio Gerin Camargo e Augusto Ribeiro, do grupo Toyo Setal, que está negociando um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A dupla da empresa também fez delação premiada e falou em pagamento de propinas.

Os dois apontaram, além de Costa e Youssef, o envolvimento de Duque e do ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco como recebedores de propina.

A defesa de Duque nega que ele tenha participação no esquema de corrupção e propina e afirma que foi preso injustamente. Costa e Youssef fizeram delação premiada e confirmam as propinas na estatal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleoPolícia Federal

Mais de Brasil

Prova de vida: o que fazer se não fui identificado no cruzamento de dados do INSS?

Oposição consegue número mínimo de assinaturas para pedir abertura de CPI do INSS

Saiba os melhores horários para evitar trânsito nas estradas no feriado de 1º de maio em São Paulo

Como fica o tempo em São Paulo no feriado de 1º de maio?