Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em audiência pública no Senado: faltou clareza e transparência, dizem parlamentares (Pedro França/Agência Senado)
Fabiane Stefano
Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 16h06.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 16h36.
A participação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em audiência pública no Senado na quinta-feira, 11, irritou boa parte dos senadores presentes. Convidado pela Casa para explicar as ações do ministério no combate ao novo coronavírus, Pazuello se esquivou de boa parte das perguntas e irritou quem estava presente. Foi o que contou a senadora Daniella Ribeiro (PP/PB), em evento na rede social Clubhouse, promovido por EXAME e o instituto de pesquisa IDEIA.
“Faltou ao ministro assertividade nas respostas sobre o calendário de vacinação, sobre quando as vacinas serão distribuídas para os estados e municípios”, disse a senadora Ribeiro (PP/PB), que participou da sala “Almoço com Dados”, na rede social Clubhouse. O evento detalhou os dados da nova rodada da pesquisa EXAME/IDEIA, que mostra que, para 73% dos brasileiros, a aprovação positiva do governo do presidente do Jair Bolsonaro depende de uma vacinação mais rápida.
A ida de Pazello ao Senado foi uma tentativa de acalmar os ânimos na Casa e de evitar a abertura de pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito, cujo objetivo é investigar as ações do Ministério da Saúde no combate à pandemia. Mas o efeito foi o contrário. "Ganhou ainda mais força o pedido de CPI no Senado diante da falta de transparência e clareza do ministro da Saúde", disse a senadora Ribeiro.
Articulado pelo senador da oposição Randolfe Rodrigues (Rede/AP), o pedido de CPI já conta com 31 assinaturas, 4 além do necessário. O pedido está agora com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM/MG).
Na audiência pública, Pazuello afirmou que todos os brasileiros aptos a receber imunizantes contra a covid-19 serão vacinados ainda em 2021. Ele afirmou também que metade da população “vacinável” receberá as doses até junho. O restante, até dezembro.
“Nós vamos vacinar o país em 2021. 50% até junho, 50% até dezembro, da população vacinável. Esse é o nosso desafio e é o que nós estamos buscando e vamos fazer“, afirmou Pazuello. O ministro não especificou quantas pessoas estão entre as “vacináveis”. Não podem receber vacinas, por exemplo, gestantes, crianças e grupos nos quais o imunizante não tenha sido testado.
Segundo Pazuello, o contrato feito pelo Butantan disponibilizará 100 milhões de doses da Coronavac no primeiro semestre. A partir de julho, a Fiocruz produzirá no Brasil 20 milhões de doses da vacina da Astrazeneca/Oxford por mês.
“Se nós formos à melhor hipótese, estaremos falando de 200 milhões de doses em 2021 com essa encomenda tecnológica: 100 milhões de doses recebidas semiprontas e 100 milhões produzidas com o IFA no Brasil com a tecnologia incorporada”, afirmou.